Record (Portugal)

Uma exibição modesta que significa o quê?

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O BRIO PROFISSION­AL DOS JOGADORES DO BELENENSES SAD MERECE ELOGIOS NA QUARTA-FEIRA, EM ALVALADE, SABEREMOS SE EXISTE UM BENFICA ANTES DO TONDELA E OUTRO DEPOIS OU SE A EXIBIÇÃO DE SÁBADO FOI APENAS UMA NOITE EM QUE AS BOAS PRÁTICAS NÃO ACONTECERA­M

Ali

pela hora de jogo, com o Tondela empenhado no contra-ataque e a fazer a vida negra ao Benfica, compreendi que um rasgo de Tomané – já improvável, pois estava no limite e saiu de seguida – ou uma cavalgada do venezuelan­o Jhon Murillo – um ex-benfiquist­a que ainda há uma semana pusera a pão e água a defesa da Argentina – poderiam provocar um escândalo na Luz. Como ia acontecend­o, aliás, na jogada do golo invalidado.

Seria injusto?

Ora, no futebol não há justiça e o Benfica pôs-se a jeito. Vinda de uma série de boas exibições, com as expectativ­as em alta e a euforia nas bancadas, a turma de Bruno Lage assinou, afinal, uma atuação modesta e venceu com meio golo a sair dos pés de filigrana de Grimaldo e o outro meio da cabeça de ouro de Seferovic, talvez na única ocasião em que a rapidez do lance não permitiu que um terceiro central reforçasse a parede de betão e impedisse o remate certeiro. Hoje, em vésperas de novo dérbi, levanta-se a dúvida: haverá um Benfica antes do Tondela e outro depois ou a modesta exibição de sábado foi apenas uma noite em que as boas práticas não acontecera­m? Na quarta-feira, em Alvalade, teremos a resposta. Nem o regresso de Zidane animou o Santiago Bernabéu.

Ontem, 49 mil espectador­es, pouco mais de meia casa, viram o Real ganhar, aflito, ao último classifica­do, com um golo ao cair do pano. Um susto.

Aequipa do Belenenses que disputa os Distritais arrasta milhares de adeptos atrás de si, enquanto o Belenenses SAD, na liga principal, é aplaudido por escassas dezenas de apoiantes, pelo que se diz – e o que se diz por vezes não é verdade – com bilhetes oferecidos pela Codecity. É o preço a pagar pela soma da sobranceri­a de Rui Pedro Soares à herança de antigas direções dos azuis, recheadas de lunáticos e de incompeten­tes que o arruinaram.

Dito isto,

quero separar desta guerra os seguidores do Belenenses SAD, enxovalhad­os nas redes sociais pelos ‘haters’ do costume como se de gente desprezíve­l se tratasse. Afinal, quem são? Familiares dos jogadores, uma dúzia de amigos, adeptos que vão a todas e uma ou outra pessoa que integra o sempre incontorná­vel grupo que escolhe o amarelo quando a maioria prefere o vermelho. Certo é que estão no seu direito e sujeitá-los a campanhas de ódio é nada menos que miserável.

Mas existem ainda mais vítimas desse conflito estúpido: os próprios profission­ais do Belenenses SAD – e também muitos da Liga Revelação, já agora –, um dia convidados a representa­rem um baluarte do desporto e referência do futebol português e a quem, de súbito, tiraram a alegria e o chão. Com um contrato para cumprir e sendo o futebol a sua vida, que mais poderiam fazer do que honrar a camisola que lhes deram, dignificar a profissão e trabalhar pelo futuro das suas famílias? Atirar pedras é tão fácil! Já atuar nestas condições difíceis, com o brio, a qualidade e a integridad­e que os jogadores de azul exibem em cada desafio só merece elogios. E qualquer classifica­ção que obtenham no campeonato e que fique longe da despromoçã­o será um êxito. Para Silas e para os homens que lidera: chapeau!

Chapelada extensiva, no último parágrafo, a Roger Federer,

que conquistou em Miami o seu 101.º título ATP. O mito é o único tenista com dois torneios ganhos em 2019... a poucos meses de completar 38 anos!

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