A força da mobilidade
Foi um Sp. Braga convencido de que podia dar a volta à eliminatória aquele que, a perder por 0-3, recebeu o FC Porto. Abel Ferreira pediu um jogo épico e, apesar de não ter concretizado o objetivo, fez tudo quanto estava ao seu alcance para alcançá-lo. A equipa minhota apostou tudo na dinâmica e na mobilidade nas ações de ataque. O 4x4x2 do costume foi transformado num 4x2x3x1 versátil, no qual Ricardo Horta funcionou como unidade de ligação entre a equipa e o
POSIÇÃO CENTRAL DE RICARDO HORTA FOI O PONTO DE PARTIDA PARA UMA BELA EXIBIÇÃO DO SP. BRAGA
avançado, Paulinho, também ele com características diferentes de Dyego Sousa, por exemplo –o português segura melhor a bola e também ele se torna mais abrangente, recuando no terreno ou derivando para as faixas [ 1]. Os minhotos tiveram a iniciativa em grande parte do encontro, assumiram quase sempre a despesa do jogo de ataque e colocaram o campeão em situação difícil. Horta que, em última análise, também servia para garantir superioridade numérica no centro do terreno, em apoio a Claudemir e Palhinha, funcionou, principalmente porque assim ditou a dinâmica coletiva, como apoio ao atacante Paulinho. Resultou da feição do jogo que, de um modo geral, o FC Porto raras vezes conseguiu jogar em ataque organizado. Sérgio Conceição optou pelo 4x4x2, com Adrián López e André Pereira no eixo do ataque, com a premissa de que a onda saída de trás alimentasse a dupla –Corona na direita e Fernando Andrade na esquerda. Porque raramente reuniu condições para ter a bola e atacar, o FC Porto só a espaços juntou com clareza os dois avançados e optou por abrir os alas de modo a alimentar lances de perigo [ 2]. Os azuis e brancos optaram por recuar, numa opção estratégica (estavam com clara vantagem na eliminatória), mas também por responsabilidade do futebol do adversário, que pautou a reação à perda da bola como uma pressão fortíssima, sufocante, que deixou o campeão em dificuldades que chegaram a ser surpreendentes [3]. Aliás, o empate não faz justiça à exibição bracarense. Os arsenalistas construíram uma vasta panóplia de oportunidades de golo, podiam ter chegado ao intervalo a ganhar por 2-0 e, até ao golo de Danilo (quarto golo de bola parada do FC Porto em Braga, em apenas dois jogos), por diversas vezes lançou o pânico junto da baliza à guarda de Fabiano.