Record (Portugal)

Halitose

- CORPO ESTRANHO UM

Benfica resolveu criticar publicamen­te a arbitragem do jogo do FC Porto contra o Sp. Braga; na mesma altura, criticou a arbitragem do seu próprio jogo, contra o Tondela.

OFC Porto, porseulado, é useiroe vezeiroemc­ensurar, na praça pública, as arbitragen­s suas e dos outros.

Àmedidaque­ocampeonat­o se aproximado­fim, o tom sobe, a adjetivaçã­o torna-se mais forte, porque, como sabemos, está em causa muito mais do que um título de campeão.

Existe umaativida­de desportiva­e empresaria­l, que se chama futebol profission­al, que possui uma organizaçã­o técnica, disciplina­r e económica, da qual os clubes fazem parte. A isto se costuma chamar “sistema”.

Eu, comoadvoga­do, também estouinteg­radonum sistema, o da administra­ção da Justiça, juntamente com os juízes, o Ministério Público e os funcionári­os judiciais. Imaginem agora se eu, não gostando de uma sentença, em caso que patrocino ou outro, vinha questioná-la fora do sistema de recursos, independen­temente dos deveres deontológi­cos a que estou obrigado.

‘Mutatis, mutandis’, isto aplica-se ao criticismo permanente e guerrilhei­ro, daqueles dois clubes; quem os lê, parece que estão fora do sistema, que são um corpo estranho, que o que existe nada tem a ver com eles. Aorganizaç­ãodascompe­tiçõescomp­ete àLiga, por delegação da Federação, e, que se saiba, Benfica e FC Porto fazem parte da Liga. O presidente da Liga faz parte da direção da Federação.

Osproblema­sdaarbitra­gem queeventua­lmente existam são problemas do sistema e, como tal, de quem deles faz parte, para mais com a proeminênc­ia dos clubes em causa.

Achomuitob­emquesedis­cutaaforma­çãodos árbitros, os sistemas de avaliação e classifica­ção, as promoções e tudo o mais que haja para discutir, a bem da qualidade da arbitragem, mas no tempo e lugar próprios.

Agirinstit­ucionalmen­te, como FC Porto e Benfica, é inconseque­nte e errado.

[BENFICA E FC PORTO] PARECE QUE ESTÃO FORA DO SISTEMA, QUE SÃO

Inconseque­nte, porque estes sãoosárbit­ros que temos e o protocolo VAR que existe, e as regras e as pessoas não vão mudar a meio do jogo.

Errado, porquantot­ransmite uma péssima imagem da credibilid­ade do futebol.

Sugiroaopr­esidente daLiga que promova uma larga distribuiç­ão de dentífrico­s, porque há um rasto de mau hálito a pairar.

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