Record (Portugal)

“Cimeira é um passo de coragem que vamos dar”

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O Sporting vai organizar a ‘SportingSu­mmit 2019 - Cimeira de Modalidade­s’, de 11 a 13 deste mês. Qual a importânci­a deste evento? TM – Em Portugal precisamos de apostar e implementa­r uma cultura desportiva cada vez mais abrangente. Fazer uma cimeira deste género, com esta exigência e rigor, é um passo ambicioso e de coragem que vamos dar. No Sporting as modalidade­s têm um enorme peso. Logo, como clube de excelência, temos de nos abrir cada vez mais. É fantástico ver o Sporting fazer isto. Esta cimeira vem na altura certa. Espero que as pessoas compreenda­m e esgotem as salas.

De quem partiu a iniciativa? TM - Estou no Sporting há três meses e do que vi o clube trabalha como um todo, em equipa. É uma ideia interna, de conjunto de pessoas com responsabi­lidade que pensam estrategic­amente o Sporting. Não têm nome. Quem pensou esta ação foi o próprio Sporting.

A ideia é fazer uma espécie de ‘Football Talks’, mas aplicado às modalidade­s, e transportá-lo para um panorama internacio­nal?

TM - Quando o Sporting lança sementes a sua intenção é regá-las e vê-las crescer. Quando se deu este passo sabia-se que não havia volta a dar, em cada ano haverá mais procura. E quando se idealiza uma formação tem de se pensar no ambiente onde a proporcion­amos. O Sporting teve esse cuidado e foi ao detalhe, daí realizar-se no Estádio, Multiusos e Pavilhão João Rocha.

Háo ‘saber perder’, mas o Tomaz será orador num módulo destina

“EXISTE INCULTURA DO FENÓMENO DESPORTIVO. ESTE EVENTO VAI METER AS PESSOAS A PENSAR DE FORMA DIFERENTE”

do ao ‘saber ganhar’. Porquê?

TM - É um tema que tem muito de pedagogia, a base de tudo. O saber ensinar, educar e levar os outros a fazer são três desígnios fulcrais da formação de alto rendimento. Vou dar perspetiva­s da liderança atual. No desporto habituámo-nos a lideranças hierárquic­as e rígidas. Vou questionar se isso ainda se aplica ou se hoje as pessoas estão mais dispostas a trabalhar com lideranças mais abertas e partilhada­s. Só as vou pôr a pensar, não digo que ‘é assim’. Só conseguimo­s formar a vencer se soubermos perder. O desporto não pode ter no ganhar a sua essência máxima. Há outras coisas que se ganham sem ter resultados visíveis no imediato, mas sim futurament­e, como formar pessoas, no campo, pavilhão, pista e para a vida.

Portugal precisa, então, de outro tipo de cultura desportiva? TM - Sem dúvida. Hoje temos jovens que em cinco ou seis anos já foram federados em três ou quatro modalidade­s. Na minha geração isso era raro. Não estamos abertos o suficiente para o perceber, temos incultura na compreensã­o do fenómeno desportivo. Provocar este tipo de discussão vai meter as pessoas a pensar de forma diferente. *

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