Alfredina ainda vê muralhas para ‘partir’
Quando tudo começou a ganhar forma, Alfredina estava lá. Agora a orientar a equipa feminina do Boavista, a antiga jogadora era uma das principais figuras da primeira Seleção Nacional, pelo que não esconde a felicidade pelos caminhos hoje em dia trilhados... mas aponta o que falta fazer. “Sinto muito orgulho. Foram ultrapassadas algumas barreiras, mas ainda há muitas coisas que temos de vencer, a começar pela profissionalização. É algo que ainda só é oportunidade para algumas atletas e alguns clubes”, lembra a treinadora, de 55 anos. Ainda assim, o contexto mudou muito. “O desporto era coisa dos homens. Hoje há outra mentalidade, mas é hora de deixar de dizer futebol feminino e falar de futebol praticado pelas mulheres. Não há ténis feminino e ténis masculino...”, aponta, antes de explicar que “é preciso uma base mais alargada, com duas mil jogadoras de qualidade, para o campeonato ser mais competitivo”. “Há um desnível bastante acentuado. A nossa liga não permite que todos os clubes sejam profissionais. Há que criar condições”, explica, ela que quebrou muitas barreiras: “As pessoas diziam que tínhamos era de ir para casa! Agora isso está esbatido. Não sei se é por ser moda, mas há mais recetividade. Ainda assim, acaba por haver discriminação porque, muitas vezes, os clubes não criam as melhores condições para nós. Parece que há um trabalho autónomo.”