A amargura da vitória
As expectativas em relação à temporada do V. Guimarães eram muito elevadas. Luís Castro chegou ao Berço com a imagem forte de conciliar um futebol de grande qualidade, como se viu ao serviço de Desp. Chaves, Rio Ave e FC Porto B, com resultados, e teve à sua disposição um conjunto de reforços que prometiam colocar os vimaranenses na luta pelos lugares da frente. Por isso, o sexto lugar, a 16 pontos de Sporting, a 13 de Sp. Braga e a 3 de Moreirense, tem gerado deceção e desconforto, como atestam os rumores da possibilidade de Ivo Vieira vir a ser a aposta para o novo exercício. Luís Castro não está isento de responsabilidades no trajeto intermitente, e até em algumas escolhas que se estranham face ao perfil de jogadores que habitualmente prefere em determinadas posições-chave. Mas a franqueza e genuinidade de Castro continuam a ser desarmantes. Após uma das melhores exibições do exercício, que redundou num triunfo contundente ante o Chaves (40), o treinador vitoriano não se refugiou em lugares-comuns. Falou abertamente, como é seu timbre, do futebol jogado, foi autocrítico e não escondeu alguma amargura com a cultura resultadista que coloca em plano secundário a qualidade e o processo de jogo (reflexo de um trabalho diário árduo), mesmo assumindo a perceção perfeita de que são os resultados a ditar leis. Mas não haja quaisquer dúvidas de que uma equipa com qualidade de jogo e processos bem assimilados que não vença cinco jogos consecutivos estará sempre mais perto de vir a ganhar os cinco jogos seguintes do que uma equipa que vence cinco jogos subsecutivos sem qualidade de jogo e/ou com processos pobres. Tem sido sempre esse o caminho que Luís Castro nos tem despontado.