Record (Portugal)

“A nossa Champions é ser campeões na Liga”

Candidatur­a portista ao título reforçada por um pragmatism­o que algarvios foram conseguind­o contrariar, mas nunca feriram de morte

- CRÓNICA DE ANDRÉ MONTEIRO

Missão dada... e cumprida na íntegra. O FC Porto deixou o Algarve na frente da 1ª Liga, à condição, depois de um desempenho que, apesar de não ter sido exuberante, teve a qualidade e a solidez tão necessária­s a quem luta pelo título de campeão ao milímetro. O dragão mostrou a sua face mais pragmática e, apesar das dificuldad­es reais que o Portimonen­se lhe colocou, adaptou-se às diferentes tendências que a partida foi apresentan­do. A exibição adulta garantiu os três pontos a um FC Porto ciente de que não pode errar no ombro a ombro com o Benfica. O resultado final não deixa margem para dúvidas sobre a justiça do triunfo azul e branco, mas acaba por esconder o bom trabalho feito pelos algarvios, que mantiveram sempre o adversário em sentido até Marega ter matado o ‘borrego’ de 2019 e colocado um ponto final na incerteza sobre o destino dos pontos com o segundo golo portista. A equipa de António Folha fez muitas coisas bem, sobretudo do ponto de vista ofensivo, mas falhou numa e noutra áreas, precisamen­te os metros de terreno em que ontem – ou não estivéssem­os a falar de futebol – se fez toda a diferença.

Com Brahimi de regresso ao onze do FC Porto, Conceição terá esfregado as mãos de satisfação pelo acerto que cedo se percebeu na escolha. A fechar o primeiro quarto de hora, o argelino aproveitou um cruzamento atrasado de Marega para colocar os dragões na frente do marcador, contando com um ligeiro desvio do seu remate que traiu Ricardo Ferreira. O golo foi obra de um FC Porto dominador do ponto de vista territoria­l e paciente no seu processo de construção, que escondeu muito bem a bola dos adversário­s. Mas o tento mudou a toada do jogo e no espaço de 15 minutos Casillas teve de sair aos pés de Lucas Fernandes; defendeu um bom livre do brasileiro; viu Soares desviar um pontapé de canto algarvio para o poste direito da sua baliza; e Aylton Boa Morte assustou-o com um grande remate em arco. O Portimonen­se chegava bem ao seu último terço ofensivo, em largura e com vários apoios, vacilando no momento de atirar a contar. Ao melhor período algarvio em toda a partida o FC Porto respondeu com uma alteração estratégic­a e passou a jogar sobretudo em transição. O curioso é que os dragões poderiam ter ampliado a vantagem ainda na primeira parte, mas alguns equívocos no capítulo do passe – ou saíam desviados, ou muito fortes, ou demasiado curtos... – não lhes permitiram

criar mais perigo na etapa inicial. A eficácia de Brahimi foi mesmo capital, pois o seu golo resultou do único remate do FC Porto enquadrado com a baliza adversária até ao intervalo.

Agarrar os pontos

O descanso fez bem aos dragões, que sustentado­s na cobertura do quarteto formado por Herrera, Danilo, Militão e Pepe – este mais do que todos – só consentira­m uma nova veleidade ao Portimonen­se já aos 81 minutos, quando Ruster atirou por cima. A alta habilidade técnica dos jogadores algarvios permitia-lhes circular a bola e iludir a pressão coletiva do FC Porto, mas não chegava para criar perigo. Enquanto isso, Marega já tinha feito o 0-2, Soares também esteve perto de marcar e os dragões exibiam a firmeza exibiciona­l e o caráter de quem só aceitaria regressar à Invicta com os três pontos na bagagem. Herrera confirmou já nos descontos o que se ia anunciando – grande cabeçada de Éder Militão na génese do golo – e o FC Porto pôde enfim descomprim­ir e começar a pensar no tudo ou nada dos quartos-de-final da Champions, na certeza de que, nesta jornada da 1ª Liga, pelo menos ‘prejuízo’ já não terá. *

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