Félix e os ‘pormaiores’
Muito se disse e escreveu sobre João Félix nos dias seguintes ao jogo com o Eintracht Frankfurt. O hat trick, os recordes batidos; o impacto que a exibição teve junto dos grandes clubes europeus; os elogios dos adversários e colegas.
Tudo isso deve ser tido em conta quando se analisa um jogador. Eu gosto de acrescentar os pormenores que ajudam a distinguir os melhores. Como quando João Félix posicionou o corpo de uma forma em que muitos esperaram um remate ou a finta para o pé dominante e acabou por sair um passe que isolou Gedson – mesmo com os olhos no chão, fixados na bola. Ou como João Félix fugiu de Hasebe no 2-0, ficando sem marcação e com alguma liberdade para
QUANDO FÉLIX POSICIONOU O CORPO PARA A FINTA OU O REMATE E SAIU UM PASSE PARA GEDSON
receber de Cervi antes de disparar para o golo. E no terceiro golo que marcou, quando inicialmente pediu o passe de Samaris em profundidade para uns metros à frente fazer algo diferente: não atacou a grande área, como Abraham e Hasebe pensaram, ficando mais atrás e solto para receber a assistência de Grimaldo.
São apenas alguns pormenores numa exibição que teve inteligência no posicionamento e movimentação, acerto na tomada de decisão e participação decisiva no desfecho do resultado. No entanto, convém não esquecer que estamos a falar de um jogador com apenas 19 anos. Comete erros, vai cometer muitos mais, mas se mantiver o trajeto evolucional e de crescimento, estes acontecerão com cada vez menos frequência. Ainda nessa lógica, o Benfica irá continuar a retirar rendimento desportivo de João Félix e, certamente, irá juntarlhe o proveito financeiro.