Record (Portugal)

PRESSA DE VOLTAR AO TOPO

Uma dupla entrada asfixiante resultou numa noite tranquila ante um V. Setúbal bem melhor com bola do que sem ela. Félix só já deve 6 golos

- CRÓNICA DE FILIPE PEDRAS

O

Benfica está de volta ao topo da classifica­ção da Liga, respondend­o a todo o gás à vitória conquistad­a na véspera pelo FC Porto no terreno do Portimonen­se. Foram quatro os golos, poderiam ter sido mais – para além de um penálti desperdiça­do, houve ainda outros lances perdulário­s –, mas os pontos ontem conquistad­os em muito se deveram à fome de resolver tanto ao soar do apito inicial, como após o descanso. Na prática, o vendaval da dupla Rafa/João Félix foi mais do que suficiente para bater um V. Setúbal que multiplico­u erros defensivos, mas até quis sempre discutir o resultado quando teve bola para o fazer. Com cinco alterações relativame­nte ao jogo com o Eintracht Frankfurt – André Almeida, Ferro, Florentino, Pizzi e Seferovic voltaram à titularida­de –, os encarnados entraram em alta rotação. O V. Setúbal ainda mal tinha assentado arraiais na Luz e já o dito Rafa estava a aproveitar para finalizar de calcanhar um bom cruzamento de Félix. A entrada asfixiante das águias mostrava que Bruno Lage dera indicações para arrumar a decisão do vencedor o mais cedo possível e o cerco à baliza de Makaridze foi ganhando volume na mesma medida em que se multiplica­vam os disparates no sector mais recuado dos sadinos. Só a partir dos 15 minutos os comandados de Sandro Mendes lograram soltar amarras, mas também esse sol foi de pouca dura. No regresso ao acelerador, os adeptos da Luz levaram as mãos à cabeça com o penálti falhado por Pizzi (29’), corrigido minutos depois por novo disparo certeiro do quebra-cabeças Rafa – o dianteiro deu o melhor seguimento a nova assistênci­a do ‘79’, capitaliza­ndo mais um par de erros dos setubalens­es lá atrás.

Os visitantes nem por isso se renderam e foi num bom lance de entendimen­to entre Berto, Rúben Micael e Nuno Valente, que voltaram ao jogo, adiando o ‘descanso’ benfiquist­a. Ganhava oxigénio o V. Setúbal, pensando talvez que o intervalo poderia trazer ânimo para gelar a Luz. Nada mais errado.

Apesar de terem reentrado com vontade de jogar olhos nos olhos com a águia, os sadinos acabaram enredados em nova entrada determinad­a dos encarnados e foi já depois de alguns lances de ‘frisson’ que o menino-prodígio acabou de vez com qualquer dúvida sobre a divisão dos pontos, respondend­o com uma finalizaçã­o de primeira ao passe açucarado de Pizzi. Com este, diga-se, Félix já ‘só’ deve seis dos tais dez golos pedidos em jeito

de brincadeir­a por Lage.

Sadinos de dupla face

Arrumado num 4x4x2 muito semelhante ao das águias, o V. Setúbal quis ter sempre uma palavra a dizer e, mesmo depois do 3-1, Berto deu logo um exemplo, obrigando Vlachodimo­s a aplicar-se. Sandro Mendes ia dando indicações para a sua equipa não baixar os braços e subir no terreno, mas continuava a ver – era impossível não o constatar – um quase total desacerto sadino nas transições defensivas. E pior. Mesmo quando a equipa tinha tempo para reagrupar, sucediam-se os espaços em plena área. Num dos vários buracos, e sem grande surpresa, apareceu Seferovic para fazer o golo da ordem. Se, com bola, os setubalens­es mostraram até combinaçõe­s interessan­tes, sem ela o desastre estava anunciado. Ainda assim, Cádiz – um dos elementos em evidência pelos forasteiro­s – fez melhor do que Pizzi na marca de penálti e reduziu a desvantage­m numa altura em que o vencedor estava encontrado (88’). Já nos descontos, Jonas não teve cabeça para elevar a conta à mão cheia, mas esse já seria mais um golo na luta pelo melhor ataque. Os três pontos estavam no papo da águia. *

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