Bons e maus exemplos
Tiago Tavares é um jogador, com 11 anos, que foi expulso de um jogo de futebol. O Tiago portou-se mal numa partida daquelas que é suposto não contarem para nada. Onde se espera apenas que os miúdos participem para se divertirem.
O Tiago envergonhou-se pelo comportamento que teve e quis assumir o seu arrependimento. Escreveu uma carta ao árbitro a pedir desculpa e está de parabéns pela coragem que teve. Mas não é o único que merece uma palavra de destaque. Não conheço o Tiago, não conheço os treinadores e dirigentes do Samora Correia, clube onde joga, e não conheço os seus pais, mas estas pessoas terão tido, seguramente, um papel fundamental neste arrependimento e neste pedido de desculpas. É através do exemplo e da conduta moral daqueles que estão ‘acima’ de nós que moldamos o nosso caráter. Se o Tiago não estivesse bem rodeado, dificilmente teria tido tão nobre atitude. Porque melhor do que pedir desculpas é evitar os erros, não posso deixar de dar uma palavra a todos os pais e jovens atletas que nunca se viram numa situação de terem de pedir desculpas. Os bons comportamentos devem ser a regra. Depois... existem algumas bestas, sem formação moral, ou pessoas mais ou menos equilibradas que ficam momentaneamente insanas por causa de alguma paixão clubística e que, escondidas atrás de um perfil de Facebook, vêm fazer ameaças a outras pessoas que tiveram o azar de gostar de ser árbitro de futebol.
Ameaçar alguém de morte ou ameaçar fazer mal aos seus familiares são coisas muito graves. Esta semana, foi Bruno Paixão quem recebeu ameaças. Não sei o teor das mesmas; sei apenas que justificaram que fosse apresentada queixa na Polícia Judiciária. Mas todas as semanas há árbitros, do futebol profissional ao futebol amador, a receberem ameaças como as que referi. O futebol não pode ser isto. O futebol não pode servir de desculpa para isto.
A incompetência, uma má decisão ou, simplesmente, uma decisão que não agrada a determinado clube não pode justificar que agentes do futebol acicatem a opinião pública, incentivando este tipo de comportamentos. Ninguém será inocente no dia em que uma tragédia acontecer. O futebol inglês, que tanto louvamos, mudou depois de uma tragédia num estádio de futebol. Precisamos mesmo que algo de muito grave aconteça para repensarmos o nosso? *