Record (Portugal)

“Um dirigente deveria ser reconhecid­o pelo Estado”

- TEXTOS ALEXANDRE REIS FOTOS FERNANDO FERREIRA

Qual o balanço destes dois anos de mandato à frente a FPJ? JORGE FERNANDES – O que posso dizer é que é mais fácil ser presidente de uma federação de judo que de uma associação distrital. Uma associação não tem meios, está sempre dependente de alguém, autarquias, federação, boa vontade, ao passo que uma federação tem uma máquina montada, sendo mais fácil chegar ao Governo, às entidades. Após luta de muitos anos, mudámos a sede, que tem condições de trabalho muito melhores que a Lapa, graças à parceria com a Câmara Municipal de Odivelas a quem muito agradeço. Também nunca tínhamos ultrapassa­do os 13.000 federados e hoje temos mais de 14 mil. A prática do judo feminino aumentou bastante, com quase quatro mil atletas, e quanto às medalhas ‘verdadeira­s’, provas do Grand Slam, Grandes Prémios, Mundiais e Europeus, batemos todos os recordes, com os atletas a terem de suar muito para subir ao patamar.

As oportunida­des dos atletas aumentaram nestes dois anos? JF – Nunca os atletas participar­am em tantas provas como o fazem agora. Até aqui, eram muitos cortes. Connosco, deixamos que os treinadore­s e os atletas decidam o

um presidente de mangas arregaçada­s?

JF – Alguns dirigentes até acham graça quando procuram o que faço e digo com gosto que sou motorista no Centro Hospitalar e Universitá­rio de Coimbra. É lá que me pagam há 37 anos, onde recebo o dinheiro para comer, pois na FPJ nunca recebi um cêntimo. Tem de se dar mais aos dirigentes, pois há falta, mas não há compensaçã­o. Um dirigente deveria ter um estatuto diferente, reconhecid­o pelo Estado. * to dificilmen­te não estarão em Tóquio’2020, mas espero ter à roda de dez. Há dirigentes criticados por criarem pressão quando dizem que Portugal vai lutar pelas medalhas e há outros que se dizem que não vão lutar é porque não acreditam nos atletas. Acontece que os atletas quando chegam ao alto rendimento no judo não têm pressão, a pressão é nos pneus. Se sentem alguma pressão é a da competição, seja ela qual for. Têm um objetivo que é chegar aos Jogos e lutarem pelas medalhas. Mal seria que dirigente ou treinador não acreditass­e nesse atleta, seria pôr em causa todo o trabalho que anda a fazer. O objetivo é chegar o mais longe, que passa por lutar pelas medalhas, sendo que um 5º ou um 7º lugar é estar perto delas. Qualquer atleta que vá aos Jogos pode lutar pelas medalhas, mas tudo depende de vários fatores que não

“É MAIS FÁCIL SER PRESIDENTE DE UMA FEDERAÇÃO DE JUDO QUE DE UMA ASSOCIAÇÃO DISTRITAL, POIS A MÁQUINA JÁ ESTÁ MONTADA”

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