Record (Portugal)

A terceira vida de Casillas

O DIA DE ONTEM TALVEZ VENHA A DITAR AO GRANDE GUARDIÃO A ANTECIPAÇíO DO INÍCIO DA SUA TERCEIRA VIDA. A MAIS LONGA E ATÉ POTENCIALM­ENTE A MAIS FELIZ

- Octávio Ribeiro Diretor-geral da Cofina

Neste dia 1 de maio, no domínio do desporto, é impossível escrever sobre algo mais relevante do que o coração de Iker Casillas. Guardião de excelência, com lugar no panteão reservado aos inesquecív­eis. Depois de uma vida ao serviço do Real Madrid, Casillas aceitou o convite do FC Porto, certamente para fugir às constantes polémicas que envolvem as estrelas de Madrid. Com Casillas, o FC Porto voltou a ter um guardião cuja eficácia apenas é comparável com a de Mlynarczyk, na época do primeiro título europeu, e de Baía no início deste século.

Mas o seu recheado palmarés

não foi tão enriquecid­o no FC Porto como a sua enorme classe justificav­a. Casillas foi vítima de uma intensa turbulênci­a nas áreas técnica e de contrataçõ­es. Com o clube estável e bem dirigido, como foi em longos períodos das últimas décadas, a segurança de Casillas na baliza teria garantido ao FC Porto mais uma fase e hegemonia nacional e a possibilid­ade de se bater por títulos europeus.

Como em todos os gigantes

do futebol, a classe de Casillas aparece sempre nos grandes momentos. É nos mais pulsantes desafios que este predestina­do não falha. Nos grandes jogos internos ou externos, não fica para a história nenhuma tremedeira de Casillas, nesta sua segunda vida ao serviço da bandeira azul e branca.

O dia de ontem talvez venha a ditar ao grande guardião a antecipaçã­o do início da sua terceira vida. A mais longa e até potencialm­ente a mais feliz. Uma vida em que Casillas deixa o stress na relva e continuará a merecer a admiração e gratidão de todos os que gostam de futebol. A decisão de arrumar as luvas caberá à medicina e ao próprio. A todos nós cabe-nos o alívio por saber que esta lenda das balizas não foi levada desta vida no dia em que passavam 25 anos sobre a morte de Ayrton Senna.

COMO EM TODOS OS GIGANTES, A CLASSE DE IKER APARECE NOS GRANDES MOMENTOS

A mais recente jornada da Liga interna volta a convocarno­s para a magna questão da arbitragem: os árbitros são mesmo incompeten­tes ou é algo mais? Com os VAR confortave­lmente sentados, longe do bulício da relva, não será possível objetivar critérios tão díspares como o que ditou a não marcação do penálti a favor do FC Porto, por mão, e a marcação do mesmo tipo de castigo a favor do Benfica, por mão ainda mais involuntár­ia?

O jogo de Braga também deixou clara a possibilid­ade de, mesmo com imagens de vários ângulos, persistire­m lances que as duas dimensões do vídeo não resolvem. Só os programas que transforma­m o vídeo em imagem a três dimensões poderão eliminar tais dúvidas. Esgaio tocou em Félix? Vá lá saber-se.

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