UMA AMIZADE ETERNA NASCEU DA TRAGÉDIA

Acidente em Superga foi há 70 anos e fundou relação estreita entre Benfica e Torino

Uma amizade eterna”. Foi assim que, após uma tragédia que cumpre hoje 70 anos, nasceu uma relação duradoura entre Benfica e Torino. José Bastos é um dos representantes dos encarnados em Itália - tal como Luís Lapão, diretor do Museu Cosme Damião - e recordou a Record o último jogo da vida do Gran Torino, a 3 de maio de 1949, um dia antes do avião que transportava a equipa italiana embater na Basílica de Superga e vitimar 31 pessoas, entre elas 18 futebolistas.

“O Benfica venceu por 4-3, mas naquele jogo ganharam os dois. Dá para perceber pela forma como fomos recebidos em Itália. O acolhimento das gentes do Torino é fora do normal”, lembrou o antigo guarda-redes, que esteve na homenagem há 70 anos ao antigo capitão do Benfica, Francisco Ferreira, por imposição do treinador Ted Smith. “Ele disse à Direção que queria o menino entre a primeira categoria”, disse o técnico inglês sobre um então jovem guardião de 19 anos. Agora com 89, Bastos lembra-se que “a notícia correu nas rádios logo assim que aconteceu” até porque o Tori

“MAZZOLA ALEIJOU-SE [EM LISBOA] E ESTEVE PARA NÃO VIAJAR, MAS ACABOU POR NÃO ESCAPAR”, LEMBRA BASTOS

no era “uma das melhores equipas da Europa da altura”. “Mazzola aleijou-se e esteve para não viajar, mas acabou por partir e não escapar”, acrescentou, recordando o poderio da equipa italiana na altura. “Quando a tragédia aconteceu, eles já iam à frente no campeonato com uma boa vantagem [quatro pontos quando cada vitória valia dois]. Ainda assim, faltavam quatro jogos e tiveram de jogar com juniores. As outras equipas facilitaram um bocadinho para eles serem campeões”, vincou o guardião, que cumpriu dez temporadas no Benfica a nível sénior. Além do Benfica, também a rival Juventus, o River Plate e a Fiorentina marcaram ontem presença no descerramento de uma placa em homenagem aos falecidos, em Superga.

Vieira prometeu não esquecer

Em entrevista ao ‘Tuttosport’, Luís Filipe Vieira prometeu nunca olvidar as vítimas de Superga. “Nunca nos esqueceremos disso e no nosso museu honraremos a memória imortal daquela equipa”, vincou o presidente encarnado. *

LENDAS. A emoção apoderou-se de muitos dos presentes no local, onde esteve José Bastos, a homenagear a equipa do Torino que há 70 anos viu o avião onde seguia embater contra a Basílica de Superga, em Turim