CAROLINA MENDES
A avançada do Sporting é uma das 29 futebolistas que escreveu um conto para o livro ‘Pelota de Papel 3’. Uma história baseada na própria experiência e que Record publica na íntegra
CRAQUE DA SELEÇÃO E A FACETA DE ESCRITORA
nhamos no corpo depois de correr atrás do preparador físico, que ia de bicicleta e nos fazia persegui-lo. Era tão amável que aos sábados de manhã nos levava para umpequeno almoço em sua casa, embora suspeite que o que ele realmente queria era acordar-nos cedo e verificar se tínhamos dormido pouco na noite anterior.
Para relaxarmos, um dia saímos numa scooter emprestada para dar um passeio por Rimini, na costa adriática. Tudo foi maravilhoso até que entramos numa autoestrada por engano e, de repente, a mota parou num túnel. Quando parecia que a situação não podia ficar pior, chegou a polícia e as notícias foram piores do que a tareia que nos dava o professor todas as manhãs: a mota não estava legal, não tinha seguro e aquele modelo apenas podia circular com uma pessoa. A multa também foi mais dura que a pré-temporada, mas as gargalhadas minimizaram tudo.
Natorre não hásorrisos e ninguém se atreve sequer a fazer uma careta. Estou indignada: porque não podemos sair da sala? Não é que tenha muitas coisas para fazer esta tarde, mas só o facto de não poder gerir o meupróprio tempo irrita-me. Estamos todas impacientes, mas ninguém tem respostas concretas nem se atreve a desafiar as ordens. Surge o boato de que está a realizar-se uma espécie de cimeira num dos outros andares.
– Carol, eles não querem movimento no edifício. Se alguém te vê nos elevadores, podem disparar! – avisa a minha treinadora.