Record (Portugal)

Ano zero dos três grandes

PARA A RECONSTRUÇ­ÃO DO SPORTING FALTA A PAZ NA FAMÍLIA E SEM ELA NÃO HÁ SUCESSOS. ESSA É A PRINCIPAL TAREFA PARA O PRIMEIRO ANO DESTA DIRECÇÃO. O QUE VEM

- Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o Texto escrito na antiga ortografia

O grande realizador Roberto Rossellini na sua obra tem uma trilogia sobre a reconstruç­ão de comunidade­s no pós II Guerra Mundial. Um desses filmes chama-se “Alemanha, Ano Zero”. Também esta época foi um ano zero para todos os grandes como passarei a explicar. Porto, AnoZero-Quatroanos de equívocos sem títulos e com péssimos resultados financeiro­s, uma secura de alegrias que só foi ultrapassa­da porque o FC Porto foi ‘back to the basics’. Regressou à sua alma guerreira numa osmose perfeita com Sérgio Conceição. Ele foi o general que montou o dragão e espetou a lança mortífera numa hegemonia que se instalaria com o penta dos encarnados. O difícil é transforma­r o nada em tudo e parece que já muitos portistas esqueceram que ele agarrou num grupo com muitos deserdados porque não havia dinheiro para contratar ninguém. Porém, depois da gigantesca conquista do ano anterior, cabia nesta temporada haver esse ano zero de estabilida­de e mudança de discurso de um FC Porto que voltou ao sabor das vitórias. Afome estava saciada, o ciclo era novo e a atitude –sempre vencedora –teria de ser acompanhad­a de uma nova comunicaçã­o. Porém, manteve-se o registo bélico de J. Marques nas questões fora do futebol, mas faltou o ‘macro’ na mudança de paradigma e de posicionam­ento. Conceição só sai se quiser, se bater com a porta é mais fácil a quem vier partir com 78 M€ da Champions que são a sua herança. Sem ele, será mais um ano zero e para se vencer continuada­mente é preciso estabilida­de.

Benfica, AnoZero–Estafoi anunciada como a época da“R econquista”, que significa “acção de reconquist­ar, de recuperar o que se havia perdido”. Depois da perda histórica do penta, vinha este ano zero de retorno ao trilho ambicionad­o. Para lá das desgraças judiciais que envolveram as águias, Vieira demorou muito tempo a ouvir a voz das bancadas e obnubilou-se em luzinhas que demoraram a emendar a decisão de aguentar um treinador que estava desgastado. Já elogiei muitas vezes Bruno Lage, que, para lá de ser um excelente técnico, é um magnífico comunicado­r conseguind­o uma relação de fácil empatia, e a sua vitória será a de um modelo baseado no Seixal, de valorizaçã­o de activos, algo que os encarnados perseguiam em discurso mas ao qual faltava um treinador que não hesitasse em passar aos actos. Lage reconstrui­u tudo, partirá sereno em 2019/20 e com a plateia rendida ao seu talento.

Sporting, AnoZero–Depoisde BrunoeCint­ra, Varandas é elei

to. Entra silencioso porque não sabe comunicar e mais vale estar calado do que encher um saco de ‘boutades’. Ao contrário do homólogo da Luz, ouve rapidament­e as bancadas e troca Peseiro por um holandês desconheci­do. Ganha de rajada e encanta os sócios, porém, cai em Guimarães e Tondela e os alarmes tocam. E aí surge no discurso “o ano zero”, pois nada tinha sido preparado pelo médico e teria de haver uma compreensã­o pelo plantel desequilib­rado e a época preparada em tempos de tempestade. Depois, ganha-se a Taça da Liga, a equipa engrena e volta a brilhar e ainda se pode fazer a festa no Jamor, o que seria fantástico numa temporada que não teve o cunho de Varandas. Para a reconstruç­ão do clube falta a paz na família e sem ela não há sucessos, essaéaprin­cip altar ef apara o primeiro ano desta direcção. O que vem.

MUITOS PORTISTAS JÁ ESQUECERAM QUE FOI CONCEIÇÃO QUEM RESGATOU O FC PORTO

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