Não pode valer tudo
Luciano Gonçalves
ALiga NOS termina este fim de semana, deixando para trás nove meses de futebol, durante os quais foram disputados um total de 306 jogos. São 27.540 minutos de futebol, mais os descontos, mas há quem tente resumi-los a um lance, justificando os resultados finais com uma decisão da equipa de arbitragem. Foi o que se viu na última semana, em que a honra e o bom-nome de dois grandes árbitros foram arrastados pela lama sem o mínimo de consideração pelos seres humanos que são. Porque os ataques não foram aos árbitros, foram aos homens.
Osárbitrosnãotêmasmáquinasdecomunicação ao serviço dos dirigentes do futebol português, que ora se calam quando as coisas lhes são favoráveis ou alimentam as tais máquinas de comunicação quando querem salvar a pele pelos erros que cometem. No fundo, tudo é uma questão de luta pelo poder e pela manutenção do mesmo, mesmo que isso seja à conta da destruição da reputação de árbitros cuja seriedade está acima de qualquer suspeita e que tantas decisões corretas têm ao longo da temporada.
Talcomojáreferinoutras ocasiões, o próximo defeso é mais uma grande oportunidade para todos refletirmos em conjunto e encontrarmos medidas no sentido de proteger os árbitros e, por arrasto, a competição. Quem hoje questiona a veracidade desta Liga, tem de perceber que também está a questionar a veracidade das Ligas cujos resultados lhe foram favoráveis.
Umanotafinalparadeixar umabraçoaJorgeSousa, também ele uma vítima da loucura em que se tornou o futebol português. O Jorge já passou por muita coisa e seguramente que não se deixará afetar pelos atos de vandalismo em sua casa. Mas o Jorge não é apenas um árbitro: é uma pessoa, com família, amigos e relações sociais. E o efeito de um ataque destes acaba por ser muito maior para pessoas que não têm nada a ver com o assunto.