Record (Portugal)

SÉRGIO DIRETO AO ASSUNTO

LIVRE EXEMPLAR AOS 89’ COLOCA DRAGÕES COM UM PÉ NO PLAYOFF

- CRÓNICA DE VÍTOR PINTO

Mesmo sem hino da Champions, que só se faz ouvir na competição a partir do playoff, o FC Porto puxou dos galões e impôs um estofo europeu que só se adquire ao longo de inúmeras batalhas sem quartel. O Krasnodar não é um rival de topo, longe disso, mas a sua rodagem na liga russa constituía um perigo que Sérgio Conceição desmontou.

Nem parecia que os azuis e brancos estavam a fazer a estreia oficial da temporada, e se a equipa pecou por algo face às dúvidas levantadas pela falta de material de análise, foi por ter demorado em demasia a materializ­ar a sua consistênc­ia. Coube a Sérgio Oliveira colocar a primeira assinatura num cheque que pode permitir o levantamen­to de 44 milhões de euros aos balcões da UEFA, mas antes foi Marchesín a colocar o carimbo no seu passaporte para a titularida­de com uma defesa de grande nível.

O míssil de Oliveira por cima do muro erguido por Safonov resolveu o problema criado pelo défice de eficácia da linha ofensiva. A marca do passado recente portista associa uma força no laboratóri­o que não tem correspond­ência no instinto assassino dos avançados. Insistir com os mesmos jogadores e esperar um desfecho diferente seria sintoma de pré-loucura, pelo que Soares e Marega cumpriram na parte em que o físico prevalece, mas não surpreende­ram com um faro apurado na finalizaçã­o. Mesmo assim, a missão essencial foi cumprida, a eliminatór­ia está muito bem encaminhad­a e o FC Porto continua na rota da batelada milionária da qual não pode abdicar para manter o seu equilíbrio financeiro.

Czar(nodar) azul

A chave do êxito do FC Porto residiu em, aproveitan­do uma expressão agora em voga, tornar o jogo desconfort­ável para o Krasnodar. Qual czar azul a ditar leis, o coletivo portista subiu a linha de pressão, tomou conta da bola e cedo deixou dois avisos para Safonov através de Soares. Como a entrada em cena de Marchesín era esperada, a meia surpresa da noite foi a presença de Romário Baró no onze, obrigado a um trabalho de sacrifício e rigor tático ainda mais exigente do que o habitual, dado que os russos, de forma nada surpreende­nte, procuraram castigar as subidas de Wilson Manafá com maior insistênci­a pelo flanco direito portista. Só que raramente o Krasnodar saltava as trincheira­s montadas por Conceição e, tendo de galgar uma enormidade de metros quando recuperava a bola, o

conjunto local ainda era obrigado a encarar Danilo, Marcano ou Pepe. Daí que terminar a etapa inicial sem uma única defesa do guardião argentino dos dragões foi positivo, mas faltou o golo do outro lado, sobretudo o de Marega (13’), a fazer jus à senda de oportunida­des que desbaratou em Anfield...

Fator Zé Luís

Do que não podem restar dúvidas é do facto de o FC Porto ter deixado a pele em campo neste embate. Ao ponto de ter havido um claro decréscimo físico na reta final do encontro, sendo nesse aspeto que o Krasnodar poderia retirar benefícios da sua maior rodagem. Mesmo com Luis Díaz a tentar agitar as águas, os russos começaram a respirar melhor e o tal remate de Cabella, que obrigou Marchesín à defesa da noite, parecia um sinal de aviso para que fosse blindado o nulo e adiada a decisão para um tira-teimas no Dragão.

Só que Zé Luís, que na época passada marcou pelo Spartak Moscovo nos dois duelos com o Krasnodar, transmitiu uma pitada de intenciona­lidade que estava a faltar e sacou muito bem a falta que foi melhor do que um penálti para Sérgio Oliveira. O FC Porto cumpriu o hábito de marcar sempre na Rússia e tem o vento a favor.

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