SÉRGIO DIRETO AO ASSUNTO
LIVRE EXEMPLAR AOS 89’ COLOCA DRAGÕES COM UM PÉ NO PLAYOFF
Mesmo sem hino da Champions, que só se faz ouvir na competição a partir do playoff, o FC Porto puxou dos galões e impôs um estofo europeu que só se adquire ao longo de inúmeras batalhas sem quartel. O Krasnodar não é um rival de topo, longe disso, mas a sua rodagem na liga russa constituía um perigo que Sérgio Conceição desmontou.
Nem parecia que os azuis e brancos estavam a fazer a estreia oficial da temporada, e se a equipa pecou por algo face às dúvidas levantadas pela falta de material de análise, foi por ter demorado em demasia a materializar a sua consistência. Coube a Sérgio Oliveira colocar a primeira assinatura num cheque que pode permitir o levantamento de 44 milhões de euros aos balcões da UEFA, mas antes foi Marchesín a colocar o carimbo no seu passaporte para a titularidade com uma defesa de grande nível.
O míssil de Oliveira por cima do muro erguido por Safonov resolveu o problema criado pelo défice de eficácia da linha ofensiva. A marca do passado recente portista associa uma força no laboratório que não tem correspondência no instinto assassino dos avançados. Insistir com os mesmos jogadores e esperar um desfecho diferente seria sintoma de pré-loucura, pelo que Soares e Marega cumpriram na parte em que o físico prevalece, mas não surpreenderam com um faro apurado na finalização. Mesmo assim, a missão essencial foi cumprida, a eliminatória está muito bem encaminhada e o FC Porto continua na rota da batelada milionária da qual não pode abdicar para manter o seu equilíbrio financeiro.
Czar(nodar) azul
A chave do êxito do FC Porto residiu em, aproveitando uma expressão agora em voga, tornar o jogo desconfortável para o Krasnodar. Qual czar azul a ditar leis, o coletivo portista subiu a linha de pressão, tomou conta da bola e cedo deixou dois avisos para Safonov através de Soares. Como a entrada em cena de Marchesín era esperada, a meia surpresa da noite foi a presença de Romário Baró no onze, obrigado a um trabalho de sacrifício e rigor tático ainda mais exigente do que o habitual, dado que os russos, de forma nada surpreendente, procuraram castigar as subidas de Wilson Manafá com maior insistência pelo flanco direito portista. Só que raramente o Krasnodar saltava as trincheiras montadas por Conceição e, tendo de galgar uma enormidade de metros quando recuperava a bola, o
conjunto local ainda era obrigado a encarar Danilo, Marcano ou Pepe. Daí que terminar a etapa inicial sem uma única defesa do guardião argentino dos dragões foi positivo, mas faltou o golo do outro lado, sobretudo o de Marega (13’), a fazer jus à senda de oportunidades que desbaratou em Anfield...
Fator Zé Luís
Do que não podem restar dúvidas é do facto de o FC Porto ter deixado a pele em campo neste embate. Ao ponto de ter havido um claro decréscimo físico na reta final do encontro, sendo nesse aspeto que o Krasnodar poderia retirar benefícios da sua maior rodagem. Mesmo com Luis Díaz a tentar agitar as águas, os russos começaram a respirar melhor e o tal remate de Cabella, que obrigou Marchesín à defesa da noite, parecia um sinal de aviso para que fosse blindado o nulo e adiada a decisão para um tira-teimas no Dragão.
Só que Zé Luís, que na época passada marcou pelo Spartak Moscovo nos dois duelos com o Krasnodar, transmitiu uma pitada de intencionalidade que estava a faltar e sacou muito bem a falta que foi melhor do que um penálti para Sérgio Oliveira. O FC Porto cumpriu o hábito de marcar sempre na Rússia e tem o vento a favor.