O milagre do futebol nacional
É CADA VEZ MAIS SOBRENATURAL ESTE BOM FUTEBOL QUE LOGRAM JOGAR OS GRANDES CLUBES PORTUGUESES, MAIS O SP. BRAGA E O GUIMARÃES A ESPAÇOS
A valia do futebol que se joga nos clubes portugueses foi mais uma vez demonstrada pelo FC Porto frente aos russos do Krasnodar. Uma equipa ainda cheia de abcessos acabados de chegar, com jogadores muito longe da forma, foi superior ao adversário e só um cataclismo impedirá os portugueses de seguir em frente. Para abrir mais uma porta, no acesso aos milhões. O futebol a que Benfica, FC Porto e Sporting conseguem chegar a nível continental deveria colocar-nos a lutar pelo 5.º lugar no ranking da UEFA e não neste fraco 7.º lugar que só garante uma vaga na Champions.
A competição interna, que
deve sempre ser dura e sem tréguas, apenas dentro do campo, obviamente, deveria ser beneficiada por um olhar estratégico global. A Liga, em primeira linha, e também a própria FPF deveriam refletir sobre o quadro competitivo, a redistribuição de receitas, o nível das arbitragens – que devem cada vez mais deixar jogar –, o calendário de jogos, de forma a criar condições para boas campanhas europeias constantes.
Mas a Liga anda preocupada vá lá saber-se com o quê, para lá da ‘final a quatro’ da sua taça de inverno. E a Federação ocupa-se a despejar milhões –serão seis, sete, oito? – num caprichoso canal de televisão para competir num novo retângulo de luzes sem relva.
Com as lideranças supra clu
bísticas desfocadas, para não dizer à deriva, o futebol fica nas mãos dos quezilentos presidentes dos clubes que não visam, nem podem visar, o bem comum.
É por isso um milagre cada vez
mais sobrenatural este bom futebol, que logram jogar os grandes clubes portugueses, mais o Sp. Braga e o Guimarães a espaços. Se refletirmos sobre o jogo em que o Benfica goleou o Sporting, que conclusão tiramos? Até aos 40 minutos, o dérbi foi renhido, com domínio do Sporting. Jogado a um ritmo e com uma qualidade técnica que podem ser comparados sem vergonha aos maiores embates mundiais entre rivais históricos.
Depois, entre o final da primei
ra parte e o segundo golo do Benfica, pela hora de jogo, a peleja continuou rija, bonita, bem jogada. A queda abrupta do Sporting deu-se após o segundo golo do rival. O final da primeira parte e os minutos que antecederam o 2-0 já davam alguma nota de supremacia do Benfica. Mas nada que fizesse prever o que se passou depois. A queda dos leões foi demasiado a pique para ser aceitável. O Sporting que pode ser candidato a bater-se com Benfica e FC Porto durou 40 minutos, no máximo 60. E Bruno Fernandes estava em campo.
Na grande tribo verde e bran
ca, só Frederico Varandas parece não estar preocupado com o próximo jogo. O primeiro para o campeonato. Ainda com Bruno Fernandes?
DEVÍAMOS ESTAR A LUTAR PELO 5.º LUGAR DO RANKING E NÃO NESTE FRACO 7.º POSTO