Record (Portugal)

Cada cavadela de Bruno Lage cada minhoca

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COM O REMATE QUE ABRIU O MARCADOR NA LUZ, AS DUAS ASSISTÊNCI­AS E O INÍCIO DA JOGADA DO TERCEIRO GOLO DO BENFICA, NUNO TAVARES PROVOU QUE PODE SER MAIS QUE UM LATERAL POLIVALENT­E

Com Bruno Lage existe uma garantia: cada cavadela, cada minhoca, ou melhor dito, cada garimpada, cada pepita de ouro. Agora, foi a vez de Nuno, de 19 anos, o mais novo dos Tavares que ‘fugiram’ de Alcochete e acabaram no Seixal, a revelar-se em pleno, após ter sido munido pelo treinador das aptidões necessária­s para se transforma­r de lateral-esquerdo em direito ou, melhor dito de novo, para fazer dele um defesa para qualquer dos lados. Ou até, pelo remate com que abriu o marcador na Luz, pelas duas assistênci­as e pelo início da jogada do terceiro golo, num futebolist­a capaz de atuar igualmente no meio-campo, à boa imagem do talentoso e polivalent­e Raphaël Guerreiro. Fernando Santos tem, sorte dele, mais um problema com que não contava.

UM CENTRAL QUE NÃO ENTRA NO PLANTEL DA ROMA SERVE PARA TITULAR DO FC PORTO?

Claro que para se poder gerir

a riqueza há que criá-la e o maior pecado da vertigem demencial que se abateu sobre o Sporting foi o ‘abandono’ da Academia – Romário Baró, outro ‘dissidente’ dos leões, já foi titular no FC Porto – com as consequênc­ias que ontem revimos no Funchal: Bruno Fernandes e mais dez, alguns deles simples bons rapazes, a jogarem taco a taco com o Marítimo. É urgente reconstrui­r aquela que foi uma escola de jogadores de excelência! Antes de ‘repescar’ Marcano, segurament­e alguém da superprofi­ssional estrutura do FC Porto terá tido o cuidado de contactar Paulo Fonseca para lhe perguntar: “Ó pá, porque é que não quiseste o Ivan no teu plantel?” A resposta podemos calculá-la depois de termos visto o lance que culminou, no sábado, no golo da vitória do Gil Vicente: o búlgaro Kraev a desmarcar-se nas costas do dormente central espanhol e a concretiza­r o 2-1, perante o desespero de Pepe. Um defesa que não entra no plantel do sexto classifica­do da liga italiana serve para titular do FC Porto? Um dos melhores centrais do Mundo, campeão da Europa e vencedor da Liga das Nações, não merece, no mínimo, um internacio­nal ao seu lado?

É verdade que este não é ainda o FC Porto candidato ao título, mas a solidez da equipa gilista e o espírito coletivo dos seus quase anónimos jogadores provam, pela enésima vez, que Vítor Oliveira foi pouco ambicioso na gestão da carreira. Optou por um trabalho de formiga, de emprego garantido e rendimento seguro, mas o seu extraordin­ário conhecimen­to justificav­a outros desafios.

As duas defesas consecutiv­as – e magistrais – de Marchesín,

ao minuto 28 do jogo de Barcelos, definem a sua excecional categoria. Grande escolha! Palmas, igualmente, para Hervé Koffi, o guarda-redes burquinens­e, de 22 anos, que o Lille emprestou ao Belenenses SAD. O punhado de intervençõ­es com que segurou o nulo, em Portimão, revelaram um enorme potencial. Está cá de passagem, é pena.

Começo esperado do Marselha, de André Villas-Boas,

e do Bordéus, de Paulo Sousa, no campeonato francês. Perderam ambos, é certo, mas mantém-se viva a possibilid­ade de as respetivas equipas poderem continuar na Ligue 1 sem precisarem de mudar de treinador.

O último parágrafo vai para a Volta a Portugal em bicicleta, que mesmo sem o carisma dos nomes de primeira linha chama milhares de pessoas às estradas e continua a ser o grande espetáculo de sempre. E bem esteve também a RTP, com transmissõ­es diretas – e comentário­s sábios de Marco Chagas – que chegaram a provocar a queda da TVI para a terceira posição na tabela das audiências. Chapeau!

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