Record (Portugal)

CONTINUA A SECA

ÚLTIMA PARTIDA GANHA NOS 90 MINUTOS FOI A 5 DE MAIO QUARTO ANO SEGUIDO SEM TRIUNFAR EM CASA DO MARÍTIMO

- CRÓNICA DE ALEXANDRE CARVALHO

Com o fantasma da Supertaça a pairar sobre a cabeça dos jogadores do Sporting, Keizer regressou às origens na visita à Madeira: a ideia tática de três centrais ficou em Lisboa e, na estreia na Liga, o leão regressou ao seu habitual 4x3x3 dinâmico, com Eduardo e Wendel a estancarem o meiocampo e Bruno Fernandes a gozar de maior liberdade criativa. No papel, este sistema parece ajustar-se com maior facilidade ao estilo de jogadores que o Sporting tem, e a verdade é que a boa entrada do leão nos Barreiros – controlado­r, rápido nos processos exteriores e forte nas transições – acaba por dar razão a esta tese. No entanto, o Marítimo tinha outros planos e, um pouco contra a corrente do jogo, acaba por aproveitar um erro de Thierry Correia para inaugurar o marcador (8’). O Sporting abanou, acusou o golo sofrido e, na ligação entre sectores, deixou-se afundar num marasmo técnico e tático e foi temporaria­mente manietado pela maior capacidade física do Marítimo.

Momento de capitão

No entanto, os grandes jogadores aparecem nos momentos de maior dificuldad­e das suas equipas e, como não podia deixar de ser, este foi o momento em que Bruno Fernandes decidiu pegar na batuta – ou, se preferir, na equipa às costas – arrastando o Sporting para zonas mais ofensivas. É, aliás, após um enorme remate do capitão, aos 28 minutos, que o leão desperta, arregaça as mangas e corre atrás do prejuízo. Charles defendeu para canto o tiro de Bruno Fernandes, mas não conseguiu evitar que, no seguimento da jogada, o camisola 8 olhasse para a área e colocasse a bola com conta, peso e medida na cabeça de Coates. Estava feito o mais difícil: o Sporting chegou ao empate ainda na 1ª parte (29’), recuperou a confiança e preparavas­e para apertar a malha na procura pelos três pontos.

Resistênci­a e... ambição

Como era de esperar, o leão entrou ainda mais forte na 2ª parte, tentando chegar cedo ao golo que lhe daria a vantagem. Apesar de não alterar nenhuma das peças, Keizer mudou o posicionam­ento das mesmas: Eduardo ficou sozinho numa posição mais recuada; Wendel juntou-se a Bruno Fernandes nas transições; Raphinha, Acuña e até Luiz Phellype tinham ordens expressas para pressionar­em as saídas do Marítimo. O Sporting cresceu, encostou o adversário à sua zona defensiva e dispôs de um conjunto de oportunida­des para quebrar a resistênci­a

da equipa de Nuno Manta. Os insulares, sempre com o contraataq­ue na mira, foram acumulando situações de aflição, mas em abono da verdade, nunca quebraram defensivam­ente e, mais importante, nunca deixaram de procurar a baliza adversária. Insatisfei­to pela teia a meiocampo que o Sporting tinha montado, Manta trocou de avançados: Getterson cedeu o lugar ao japonês Maeda e o Marítimo transfigur­ouse. A equipa ganhou mais músculo, maior poder de choque e mais capacidade para gerar a confusão na defesa leonina. A frescura física do Sporting desceu vertiginos­amente, as ideias de jogo deixaram de estar organizada­s e os últimos 15 minutos pertencera­m, quase em exclusivo... ao Marítimo. Maeda atirou ao poste (75’); Clay teve boa oportunida­de para marcar após duplo erro de Coates e Mathieu (84’); Correa, com um tiro de fora da área (85’), obrigou Renan à defesa da noite; e, por último, Maeda (88’), voltou a colocar em alerta a defesa adversária. Keizer entrou em modo desespero e, depois de ter lançado tarde Bas Dost, colocou Coates no ataque. O leão precisa urgentemen­te de voltar às vitórias, pois corre o risco de, à entrada para a 2ª jornada, ativar... o modo de crise.

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