CONTINUA A SECA
ÚLTIMA PARTIDA GANHA NOS 90 MINUTOS FOI A 5 DE MAIO QUARTO ANO SEGUIDO SEM TRIUNFAR EM CASA DO MARÍTIMO
Com o fantasma da Supertaça a pairar sobre a cabeça dos jogadores do Sporting, Keizer regressou às origens na visita à Madeira: a ideia tática de três centrais ficou em Lisboa e, na estreia na Liga, o leão regressou ao seu habitual 4x3x3 dinâmico, com Eduardo e Wendel a estancarem o meiocampo e Bruno Fernandes a gozar de maior liberdade criativa. No papel, este sistema parece ajustar-se com maior facilidade ao estilo de jogadores que o Sporting tem, e a verdade é que a boa entrada do leão nos Barreiros – controlador, rápido nos processos exteriores e forte nas transições – acaba por dar razão a esta tese. No entanto, o Marítimo tinha outros planos e, um pouco contra a corrente do jogo, acaba por aproveitar um erro de Thierry Correia para inaugurar o marcador (8’). O Sporting abanou, acusou o golo sofrido e, na ligação entre sectores, deixou-se afundar num marasmo técnico e tático e foi temporariamente manietado pela maior capacidade física do Marítimo.
Momento de capitão
No entanto, os grandes jogadores aparecem nos momentos de maior dificuldade das suas equipas e, como não podia deixar de ser, este foi o momento em que Bruno Fernandes decidiu pegar na batuta – ou, se preferir, na equipa às costas – arrastando o Sporting para zonas mais ofensivas. É, aliás, após um enorme remate do capitão, aos 28 minutos, que o leão desperta, arregaça as mangas e corre atrás do prejuízo. Charles defendeu para canto o tiro de Bruno Fernandes, mas não conseguiu evitar que, no seguimento da jogada, o camisola 8 olhasse para a área e colocasse a bola com conta, peso e medida na cabeça de Coates. Estava feito o mais difícil: o Sporting chegou ao empate ainda na 1ª parte (29’), recuperou a confiança e preparavase para apertar a malha na procura pelos três pontos.
Resistência e... ambição
Como era de esperar, o leão entrou ainda mais forte na 2ª parte, tentando chegar cedo ao golo que lhe daria a vantagem. Apesar de não alterar nenhuma das peças, Keizer mudou o posicionamento das mesmas: Eduardo ficou sozinho numa posição mais recuada; Wendel juntou-se a Bruno Fernandes nas transições; Raphinha, Acuña e até Luiz Phellype tinham ordens expressas para pressionarem as saídas do Marítimo. O Sporting cresceu, encostou o adversário à sua zona defensiva e dispôs de um conjunto de oportunidades para quebrar a resistência
da equipa de Nuno Manta. Os insulares, sempre com o contraataque na mira, foram acumulando situações de aflição, mas em abono da verdade, nunca quebraram defensivamente e, mais importante, nunca deixaram de procurar a baliza adversária. Insatisfeito pela teia a meiocampo que o Sporting tinha montado, Manta trocou de avançados: Getterson cedeu o lugar ao japonês Maeda e o Marítimo transfigurouse. A equipa ganhou mais músculo, maior poder de choque e mais capacidade para gerar a confusão na defesa leonina. A frescura física do Sporting desceu vertiginosamente, as ideias de jogo deixaram de estar organizadas e os últimos 15 minutos pertenceram, quase em exclusivo... ao Marítimo. Maeda atirou ao poste (75’); Clay teve boa oportunidade para marcar após duplo erro de Coates e Mathieu (84’); Correa, com um tiro de fora da área (85’), obrigou Renan à defesa da noite; e, por último, Maeda (88’), voltou a colocar em alerta a defesa adversária. Keizer entrou em modo desespero e, depois de ter lançado tarde Bas Dost, colocou Coates no ataque. O leão precisa urgentemente de voltar às vitórias, pois corre o risco de, à entrada para a 2ª jornada, ativar... o modo de crise.