Record (Portugal)

Mais do mesmo?

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FC Porto estreou-se com uma derrota frente ao Gil Vicente, recém-regressado à Primeira Liga, revelando intranquil­idade e desacerto. Uma revolução no onze, com as saídas de Militão, Felipe, Óliver Torres, Brahimi ou Herrera, quebra rotinas e automatism­os que levam tempo a repor. Isso não explica tudo. Como o treinador da equipa de Barcelos, Vítor Oliveira, fez questão de salientar, o Gil Vicente começou a época com 22 jogadores novos, que nunca tinham jogado ou treinado juntos.

Sérgio Conceição tinha dito antes do jogo,

e com razão, que era importantí­ssimo começar a ganhar. Até para descolar do amargo deixado na época passada e recuperar a confiança dos adeptos. Ainda não foi desta. Há 18 anos que o FC Porto não perdia na estreia do campeonato. Diz a estatístic­a que sempre que isso aconteceu os Dragões não venceram a prova, mas a estatístic­a é passado e o futuro da Liga está ainda todo por escrever.

O Benfica entrou bem,

não sem revelar dificuldad­es na construção ofensiva em boa parte do primeiro tempo. Mas, como tantas vezes na época passada, depois de quebrada a muralha seguiu-se a invasão de golos, a segunda mão-cheia em dois jogos. Ter um Pizzi em grande forma é meio caminho andado para o sucesso. O cartão vermelho a Bernardo Martins também ajudou.

Os adeptos, que encheram o estádio, tiveram ainda o privilégio de assistir ao despontar de mais um jovem talento na Luz. O esquerdino Nuno Tavares fez um trabalho notável a lateral-direito com um golaço e várias assistênci­as, quer com um pé, quer com o outro. Um bom problema para Bruno Lage gerir quando André Almeida voltar a ser opção. O treinador do Benfica

sentiu-se na obrigação de conter euforias logo à primeira jornada, o que é revelador do quão diferente é o estado de espírito na Luz e nos rivais. “Podíamos ter jogado melhor”, disse. O que não deixa de ser verdade.

O Sporting, ainda a lamber as feridas

da goleada na Supertaça, não foi capaz de afastar os fantasmas no domingo, com uma exibição insuficien­te perante o Marítimo que terminou num empate. Trazer para o arranque do campeonato a decisão sobre o futuro de Bruno Fernandes tem um preço e chama-se intranquil­idade. Não se sabe se o jogador fica, ou como jogará a equipa se ele partir. Andar com uma nuvem destas atrás não pode dar bom resultado.

Duas notas finais.

Os petardos são uma praga nos estádios. A Benfica SAD, depois de muitas multas, pediu mais uma vez às claques que os deixem de usar. Foi o que fizeram no primeiro jogo, o que é de saudar. Espera-se que o façam também em todos os outros. João Félix está a deixar os adeptos do Atlético e toda a Espanha em êxtase. Depois da exibição frente à Juventus, a ‘Marca’ titulou “nasceu um ‘crack’”. Andaram distraídos. O ‘As’ diz que 126 milhões foi pouco, “baratíssim­o”. O miúdo de 19 anos que deslumbra em Madrid deixou uma mensagem para o outro miúdo de 19 anos que fez furor em Lisboa: “Seixal não falha.” Para já, vai cumprindo.

O BENFICA ENTROU BEM. TER UM PIZZI EM FORMA É MEIO CAMINHO ANDADO PARA O SUCESSO A NOVA ÉPOCA COMEÇOU COMO A ANTERIOR ACABOU. MAS COMO SE COSTUMA DIZER: O QUE IMPORTA NÃO É COMO COMEÇA; É COMO ACABA

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