Os irmãos Sérgio e Keizer
SÉRGIO E KEIZER SÃO IRMÃOS NA LUTA CONTRA O DESTINO QUE ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS E QUE SE FARÁ OUVIR AO SOM DO CHICOTE
Há algo que é mortífero para um treinador: quando se sente que, como uma epidemia que vai alastrando corrosiva e sem cura, na bancada os adeptos estão fartos dele e que anseiam por um novo feiticeiro que os encante com vitórias e qualidade de jogo. Neste momento, Sérgio Conceição (SC) e Marcel Keizer são irmãos gémeos na luta contra o tempo de um destino que está escrito nas estrelas, que pode ser madrasto, injusto, mas que se fará ouvir ao som do chicote para acalmar adeptos e salvar estruturas de erros e incompetências. É assim a lei do futebol, cruel com o mais fraco que é sempre o treinador.
SC já não é unânime. O enorme revés da perda do título para Bruno Laje, um arranque medíocre em Barcelos e a queda brutal que deixa nódoas negras para o clube com a eliminação da Champions foram a gota de água. Sou um admirador de SC, do seu talento, da sua alma de gladiador e sangue de campeão, foi humilde a assumir os erros mas tem culpas no cartório. A equipa não está ligada, está baseada na força e não apresenta a subtileza da criatividade, porém, neste desastroso início de época, a administração não pode fugir a responsabilidades. Gastaram 60 milhões em reforços, contudo subsiste a dúvida: porque demoraram tanto tempo a construir um plantel quando tinham um desafio com o Krasnodar tão fulcral para o futuro próximo? E não sabemos como está o grupo, duvido que haja uma união de aço, após o “pequeno desentendimento entre Danilo e SC” confirmado por Pinto da Costa. O treinador vai dar tudo, é esse o seu coração, porém, até ele sabe que já não há paciência no Dragão para ele.
Keizer é que nunca foi consensual, nem quando conquistou
duas taças. O cepticismo marcou o seu percurso em Alvalade, o massacre do Algarve e a vergonha da Madeira só incendiaram os sportinguistas contra um Professor Pardal que a medo joga com três centrais e noutro dia faz 26 cruzamentos mas desta vez deixa o seu melhor cabeceador e artilheiro no banco. Bas Dost é caro, mas vale 30 golos se um treinador competente souber armar a equipa para ele. É sobre brasas que caminha o holandês e as imagens de Varandas a perder o controlo emocional no camarote madeirense não ajudam nada para o equilíbrio e racionalidade tão necessários em volta de um colectivo. Keizer, para lá de ainda não ter compreendido o gigante emblema que treina, é como um autista imune à realidade de uma massa adepta que já não tem pachorra para ele como não teve para Peseiro.
Mas se Pinto da Costa pelos inúmeros troféus
conquistados tem uma couraça resistente a qualquer crise porque os portistas lhe têm uma enorme dívida de gratidão, por seu lado, sem carisma nem empatia com os adeptos, o presidente do Sporting não tem essa armadura. E até os seus próximos e grandes apoiantes têm na mente que, se não resolver rapidamente este problema, Keizer será o coveiro de Varandas.
Texto escrito na antiga ortografia
PINTO DA COSTA TEM UMA COURAÇÃO RESISTENTE; VARANDAS NÃO TEM ESSE TIPO DE ARMADURA