CLAQUES PERDEM 370 MIL EUROS
DO FIM DAS BORLAS À CONTESTAÇÃO
Novo protocolo retira benefícios com grande impacto anual. Juve Leo paga maior fatura
As claques podem ter uma quebra de receitas na ordem dos 370 mil euros anuais, em consequência do fim das chamadas borlas com bilhetes. É esse o impacto, estimado, da entrada em vigor do novo protocolo com os Grupos Organizados de Adeptos [GOA], anunciado pela direção do Sporting no início da época. A maior fatura será suportada pela Juventude Leonina, que deixa de poder fazer um encaixe próximo dos 170 mil euros por ano. Um facto que ajuda a enquadrar as recentes declarações do vice-presidente João Sampaio, a propósito do novo acordo. “Três aceitaram, mas há um grupo que não está muito satisfeito”, admitiu Sampaio após a assembleia geral de quinta-feira, referindo-se sem nomear à Juve Leo, cuja crescente contestação a Frederico Varandas é atribuída à perda de privilégios neste âmbito. Segundo Record apurou, o anterior protocolo com as claques, que vigorou nomeadamente no mandato de Bruno de Carvalho, previa a cedência de 875 convites
“TRÊS ACEITARAM MAS HÁ UM GRUPO QUE NÃO ESTÁ MUITO SATISFEITO”, DIZ JOÃO SAMPAIO SOBRE OS GOA
a custo zero. Dando a cada ingresso o valor de 10 euros e multiplicando essa quantia por 25 jogos em Alvalade, o Sporting cedia às claques a possibilidade de realizarem em média 220 mil euros durante uma época. Além deste benefício, os GOA podiam reservar 2.000 bilhetes por encontro ao preço mais barato do estádio, títulos esses que não eram vendidos em bilheteira, pelo que seriam os próprios GOA a controlar a receita (que nem sempre seria introduzida na contabilidade do Sporting, de acordo com as informações recolhidas pelo nosso jornal). As mesmas reservas tendiam a ser feitas em grande quantidade nos jogos grandes, quando o preço das entradas quase duplicava para os 20 euros. Uma claque que vendesse 7.500 bilhetes a esse preço, num ano, faria 150 mil euros. Esta parcela somada à dos convites a custo zero perfazia os já citados 370 mil euros.
Viagens e multas
Estas regalias (e outras) traduziam uma relação que, nas palavras de João Sampaio, “não era saudável, pois introduzia uma enorme injustiça”, comparativamente aos outros sócios. Por razões semelhantes, Frederico Varandas decidiu, logo após entrar em funções, em setembro de 2018, terminar com as viagens das claques nos mesmos voos da equipa, desde logo em deslocações para jogos europeus. As multas por mau comportamento dos adeptos nos estádios eram também pagas pelo Sporting.