PELA RIBEIRA ABAIXO
Relato de uma manhã nos Açores, com saltos para a água, rapel e descidas em tobogã
calor começava a fazer-se sentir enquanto subíamos por um trilho escorregadio no Parque da Ribeira dos Caldeirões, em São Miguel, Açores. “Se estão a ficar com calor, liguem o ar condicionado”, disse um dos guias da Fun Activities Azores Adventures enquanto dava o exemplo, abrindo o fecho éclair do seu fato até à cintura. Não era para menos. Além do esforço da subida, estávamos equipados para passar três horas a fazer canyoning. Só não estávamos preparados para caminhar dentro de um fato de neoprene de 5 mm de espessura que nos cobria do pescoço aos pés... que calçavam botas especiais para a água. A redenção chegou ao fim de dez minutos em forma de briefing de segurança dentro de uma poça de água, diante de uma cascata de cinco metros de onde saltaríamos mais tarde. E onde percebemos a razão da espessura dos fatos: a água estava gélida. Não duraria muito, a redenção, que o caminho continuava a ser para cima. Porque sendo o canyoning o despor
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to de aventura em que se desce de uma ribeira seguindo o curso da água - e quantas vezes imerso nela... –, então antes de descer teríamos sempre de subir. O dia começara com os guias a apanharem-nos à porta do hotel. Dois espanhóis juntar-se-iam ao grupo no estacionamento do Parque da Ribeira dos Caldeirões, o ponto de encontro para quem dispensa boleias. A troca de roupa não foi imediata – não é fácil entrar para um fato de mergulho, e prender os arneses às pernas e à cintura exige assistência; capacete e botas não ofereceram resistência.
Já diz o ditado: a descer, todos os santos ajudam. E por santos, aqui, referimo-nos a saltos para a água g e ao uso de técnicas como o slide, o escorregar em tobogã ou o rapel para nos fazer avançar. O primeiro salto surgiu depois de umm rapel de três metros. O mergulhoho foi ainda mais modesto. Mas estávamos a começar e a ideia, a, perceberíamos duas horas s e uma sucessão de saltos e rapéis depois – à beira de um precipício, com a água a sete ou oito metros abaixo de nós –, era que a dificuldade dos obstáculos que se nos atravessariam no caminho fosse aumentando progressivamente.
Por outras palavras, se de repente nos pedissem para saltar da altura de um 2º andar para a água escura de uma ribeira, provavelmente recusaríamos educadamente. Mas não depois de quase três horas de canyoning, a descobrir a natureza de São Miguel – e haverá maneira melhor de conhecer a ilha?