Record (Portugal)

PELA RIBEIRA ABAIXO

- MARKUS ALMEIDA

Relato de uma manhã nos Açores, com saltos para a água, rapel e descidas em tobogã

calor começava a fazer-se sentir enquanto subíamos por um trilho escorregad­io no Parque da Ribeira dos Caldeirões, em São Miguel, Açores. “Se estão a ficar com calor, liguem o ar condiciona­do”, disse um dos guias da Fun Activities Azores Adventures enquanto dava o exemplo, abrindo o fecho éclair do seu fato até à cintura. Não era para menos. Além do esforço da subida, estávamos equipados para passar três horas a fazer canyoning. Só não estávamos preparados para caminhar dentro de um fato de neoprene de 5 mm de espessura que nos cobria do pescoço aos pés... que calçavam botas especiais para a água. A redenção chegou ao fim de dez minutos em forma de briefing de segurança dentro de uma poça de água, diante de uma cascata de cinco metros de onde saltaríamo­s mais tarde. E onde percebemos a razão da espessura dos fatos: a água estava gélida. Não duraria muito, a redenção, que o caminho continuava a ser para cima. Porque sendo o canyoning o despor

CONHEÇA DA MELHOR FORMA A NATUREZA DE SÃO MIGUEL NUM PASSEIO EXIGENTE AO LONGO DE QUASE 3 HORAS

to de aventura em que se desce de uma ribeira seguindo o curso da água - e quantas vezes imerso nela... –, então antes de descer teríamos sempre de subir. O dia começara com os guias a apanharem-nos à porta do hotel. Dois espanhóis juntar-se-iam ao grupo no estacionam­ento do Parque da Ribeira dos Caldeirões, o ponto de encontro para quem dispensa boleias. A troca de roupa não foi imediata – não é fácil entrar para um fato de mergulho, e prender os arneses às pernas e à cintura exige assistênci­a; capacete e botas não ofereceram resistênci­a.

Já diz o ditado: a descer, todos os santos ajudam. E por santos, aqui, referimo-nos a saltos para a água g e ao uso de técnicas como o slide, o escorregar em tobogã ou o rapel para nos fazer avançar. O primeiro salto surgiu depois de umm rapel de três metros. O mergulhoho foi ainda mais modesto. Mas estávamos a começar e a ideia, a, percebería­mos duas horas s e uma sucessão de saltos e rapéis depois – à beira de um precipício, com a água a sete ou oito metros abaixo de nós –, era que a dificuldad­e dos obstáculos que se nos atravessar­iam no caminho fosse aumentando progressiv­amente.

Por outras palavras, se de repente nos pedissem para saltar da altura de um 2º andar para a água escura de uma ribeira, provavelme­nte recusaríam­os educadamen­te. Mas não depois de quase três horas de canyoning, a descobrir a natureza de São Miguel – e haverá maneira melhor de conhecer a ilha?

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