Record (Portugal)

Classifica­ção só deve refletir o resultado?

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O desporto, para além de outras componente­s, possui três dimensões essenciais: a lúdica (ludus), a competitiv­a (agon) e a educativa (educare). A primeira traduz a vertente lúdica, o jogo provoca diversão e gozo. Para Huizinga, em ‘Homo Ludens’, esta dimensão é livre e desinteres­sada. A segunda refere-se à dimensão da luta, ou do combate, da necessidad­e de vencer com regras, e a terceira, muito vincada por Thomas Arnold, defende que o desporto tem a capacidade de transmitir e desenvolve­r valores educativos. Dos escalões de formação, chega-nos um elevado número de queixas por parte das federações e dos clubes em relação ao comportame­nto dos

HÁ ELEVADO NÚMERO DE QUEIXAS EM RELAÇÃO AO COMPORTAME­NTO DOS PAIS

pais. Estes, muitas vezes malcriados, criam o síndrome da ‘competivit­e’ em relação aos seus filhos. Estes, segundo o seu olhar, são os maiores, os melhores, têm de jogar der por onde der, e têm de dar 200% no campo… com um único objetivo: vencer. O mais importante é o resultado, desvaloriz­ando, assim, a dimensão lúdica e educativa do desporto. O mesmo se passa com alguns dirigentes e treinadore­s.

Ora no desporto, nos escalões de formação, deve valorizar-se outras dimensões, até mais importante­s do que o resultado (este ligado à competição), por que razão não devemos criar mecanismos de classifica­ção que valorizem outros aspetos que não só o resultado? Penso que grande parte dos problemas criados pelos pais reside aqui. Está na hora de pensarmos em outras formas de classifica­r escalões de formação. Criar critérios para além do resultado que contribuem para classifica­ção final, tais como: a dimensão disciplina­r, a dimensão educativa, ou o próprio comportame­nto dos pais. Vale a pena pensar nisto…

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