Vergonha internacional
Alexandre Carvalho
Estamos às portas do ano 2020, numa sociedade aberta, informada e com todas as ferramentas para aprender e evoluir. Por isso, ontem, enquanto assistia incrédulo aos atos racistas ocorridos no Bulgária-Inglaterra, fui assaltado por um pergunta que, admito, me deixou tremendamente inquieto: quando o meu filho começar a questionar o mundo em que vive, como é que lhe explico que, em pleno século XXI, na Europa, há ainda pessoas com o cérebro tão mirrado, ao ponto de utilizarem o tom de pele como arma de insulto?
Cheguei à conclusão de que não posso explicar, porque isto não faz sentido. O que posso – e farei – será contribuir para que a sua educação não seja assente no ódio e na estupidez. É, aliás, este o papel – absolutamente determinante, até – que a comunicação social terá de ter para erradicar este tipo de comportamentos dos estádios, do futebol, do desporto. São atitudes racistas, homofóbicas, radicais, extremistas, agressivas (entre tantas outras) que afastam as pessoas dos estádios, dos jornais, dos sites e das televisões. E o nosso papel, enquanto pais e, no meu caso específico, enquanto jornalista, é contribuir para que as próximas gerações não sejam obrigadas a assistir a espetáculos tão deploráveis e aberrantes como o de Sófia.
O que aconteceu na Bulgária é uma vergonha nacional, mas também internacional. Fomos nós – enquanto sociedade desportiva – que deixámos que as coisas chegassem a este ponto extremo. É justo que também tenhamos de ser nós a limpar o lixo. E, já agora, a UEFA que também tenha mão pesada. Não chegam banners e frases bonitas contra o racismo nos estádios: é preciso agir. E ontem já era tarde...