Record (Portugal)

LOPES DÁ MÃO À GERINGONÇA

Bruno Lage voltou a surpreende­r no onze, mas foi traído pela lesão de Rafa. O Benfica deixou-se dominar e acabou por ser feliz já perto do fim

- CRÓNICA DE SÉRGIO KRITHINAS

Quando os onzes titulares chegaram ao público, mais de uma hora antes do pontapé de saída, muitos benfiquist­as devem ter levado as mãos à cabeça: Bruno Lage voltara a fazê-lo. Em jogo de Champions, com a equipa encostada à cordas fruto das duas derrotas nos dois primeiros jogos, o Benfica apresentou um onze titular com várias surpresas. Se Tomás Tavares como lateral-direito era mais ou menos expectável, o mesmo não se podia dizer do ataque, onde coabitavam Gedson, Cervi, Rafa e Seferovic.

Uma verdadeira geringonça – mas há geringonça­s que até funcionam. E aquela que Lage montou ontem funcionou bem, pelo menos enquanto se aguentou direita, com as peças todas no sítio. Com Gedson e Cervi pelas alas e Rafa no meio, a jogar entrelinha­s, o Benfica foi uma equipa vertiginos­a, sempre a criar perigo em transições rápidas, aproveitan­do também o espaço concedido por um Lyon que surgiu em 4x4x2. Rafa marcou logo aos 4’ e lançou o pânico na defensiva adversária em mais um par de ocasiões. Mas não durou muito e a lesão que o camisola 27 sofreu por volta dos 15 minutos acabou por furar completame­nte os planos do técnico.

Já com Pizzi em campo, sobre a direita, e Gedson no apoio a Seferovic (também inferioriz­ado), o Benfica deixou de ser capaz de chegar com o mesmo perigo à área contrária. A bem da verdade, também conseguia anular com relativa facilidade as pífias tentativas de ataque dos franceses. E o único momento de verdadeiro perigo para Vlachodimo­s surgiu aos 30’, quando Grimaldo cortou um remate de Cornet que tinha pinta de golo.

Lyon cresce e assusta

As mexidas de Rudi Garcia ao intervalo melhoraram o Lyon, que ficou dono do jogo com as entradas de Thiago Mendes e, sobretudo, Traoré, uma locomotiva pelo flanco direito, a criar imensos problemas a Grimaldo. O Benfica foi perdendo o controlo da partida, cada vez mais dura e quezilenta (sempre com a bonomia do árbitro eslovaco), e apanhou alguns sustos. Ainda para mais, nesta altura, os encarnados eram incapazes de segurar a bola no meio-campo e na frente, onde Gedson e Seferovic eram facilmente anulados.

O golo do Lyon, numa boa definição de Depay após cruzamento de Dubois, tocou várias campainhas antes de chegar. E

os minutos seguintes deram a sensação de uma água encostada às cordas, que poderia sofrer o KO a qualquer altura. Aí, foi Lage que mexeu bem no jogo, ao colocar Raul de Tomas junto a Carlos Vinícius. Mesmo sem marcar, ou sequer ter tido ações ‘visíveis’, o espanhol foi decisivo para esticar a equipa para a frente, pela forma como conseguiu segurar a bola em terrenos adiantados. Essa melhoria permitiu que Pizzi atirasse ao poste, num remate de longe, mas ninguém poderia prever o que aconteceri­a logo depois: Anthony Lopes decidiu dar a bola, com as mãos, ao médio do Benfica, que atirou de primeira para a baliza deserta. Um golo caído do céu, que valeu três pontos e pode ter valido uma nova vida aos encarnados na Champions.

Desta vez, e com muita sorte, o Benfica ganhou e Lage não será acusado de mil e uma tropelias por causa das suas opções. Aliás, é bem possível que se oiçam os ferozes críticos das mudanças frente a Leipzig e Zenit a baterem agora palminhas ao treinador e à qualidade do plantel – e tudo porque a equipa venceu. É certo que, em alta competição, são os resultados que comandam, mas não podem ser a ditadura.

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