Vitória caída do céu
Os dois treinadores surpreenderam na abordagem ao jogo. Lage optou por um 4x4x2 cauteloso, colocando Gedson e Cervi nos corredores laterais [1], de forma a amparar Tomás e Grimaldo. Garcia abdicou do 4x3x3 utilizado com o Dijon, aproximando-se de um 4x4x2, com Depay no apoio a Dembélé [1].
Num jogo de qualidade sofrível, disputado, quase sempre, distante das duas balizas, o Benfica entrou melhor, conciliando agressi
FRENTE A RIVAL QUE ABRIU CRATERAS ENTRELINHAS, A LESÃO DE RAFA FOI DURO GOLPE PARA O BENFICA
vidade e capacidade de pressão, o que se revelou decisivo para o desfazer precoce do nulo. O papel de Seferovic, capaz de atrair o adversário para o corredor esquerdo (arrastando o central Marcelo) [2], o que criou uma situação de 3x3 em zona de finalização [2], foi nuclear, com Rafa, numa primeira instância, a conseguir receber a bola entrelinhas e a fomentar a conexão com Gedson [2], para depois encontrar o espaço para definir em direção à baliza rival, aproveitando uma recuperação/passe de Cervi.
A lesão de Rafa foi um duro golpe para os encarnados. Ante um rival que abria crateras entrelinhas e denotava arduidades no controlo da profundidade [1], a deslocação de Gedson para as costas de Seferovic, fruto da entrada de Pizzi para a ala direita, tirou fluidez aos processos de construção e de criação, algo que se agravaria na etapa complementar, com a aposta num jogo vertiginoso e vertical que conduziu a inúmeros erros no passe.
A entrada de Thiago Mendes, que robusteceu a zona intermediária, libertando o criativo Aouar, e de Traoré, que obsequiou mais velocidade e robustez ao ataque, permitiram que o Lyon, assente na dimensão física, crescesse e atemorizasse um Benfica cada vez mais encolhido e incapaz de ligar uma jogada. O golo do empate, assinado por Depay, arguto a atacar o segundo poste [3], aproveitando uma situação de 3x3 em zona de finalização na sequência de um cruzamento de Dubois, não causou espanto. Se é certo que o desenho de uma reviravolta injusta chegou a pairar, um remate ao poste de Pizzi antecedeu um erro garrafal de Anthony Lopes, que ofertou ao brigantino, após uma reposição manual deficiente, o golo que relança as aspirações europeias das águias.