Record (Portugal)

Os gigantes na tumba

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A 3.ª eliminatór­ia da Taça de Portugal teve um estranho prenúncio que deve preocupar quem se acha grande e dar esperança a quem passa anos a ser dado como pequeno.

Sete equipas de escalões inferiores bateram em campo quem se julgava maior. Caíram assim nesta eliminatór­ia o Sporting, o Vitória de Guimarães, o Marítimo, o Boavista o Portimonen­se, o Tondela e o Aves.

O Mundo está ao contrário, pensará o caro leitor. É um mundo invertido, com os grandes subvertido­s.

O jargão que mais se ouve é ‘Isto é Taça’. Uma justificaç­ão que por si só não detalha nada nem analisa em profundida­de o que se passa hoje em dia em campo, em jogos onde os grandes se cruzam com os pequenos.

O futebol é isto? É, mas 7 vezes isto é capaz de ser um bocadinho demais. Que os ditos pequenos tenham crescido, que tenham aprendido com o tempo e formado bons treinadore­s nacionais, é tudo verdade.

Mas a maior das verdades é que cada vez mais os plantéis de os ditos maiores, onde se gastam hoje em dia mais milhões do que num passado recente, estão cada vez mais fracos.

Os adeptos iludem-se por o reforço ter um nome curioso de pronunciar, ou de o mesmo ter passado por grandes clubes e ter um estatuto de triunfador que o marketing da sua compra lhe confere.

A pergunta que podemos fazer hoje é: Então se estas equipas ‘menores’ batem os maiores, porque é que os maiores quando vão às compras não olham para estas montras primeiro?

Comprar fora dá mais garantias do que comprar dentro? Não, nem sempre. Os jogadores que por cá militam têm regra geral uma maior facilidade de adaptação à Liga.

Estes rapazes, que bateram os grandes, têm um dia de glória mas raramente são colocados na prateleira dos melhores perante os grandes olheiros profission­ais. Preferem recomendar um jogador com a marca YouTube do que ligar aos que muitos provaram em campo, num relvado real.

O futebol português não tem emenda, enquanto nele gravitarem os homens das comissões esta prática não terá fim.

Assim definham os gigantes e engordam algum dos seus representa­ntes.

A tumba está lá, para transporta­r alguns ditos grandes, financeira­mente depauperad­os a uma espécie de vala comum do futebol português.

Vão para fora cá dentro, é o que eu recomendar­ia a todos os que acham que este artigo é em sua homenagem.

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