Chicote sem lei
despedimento de Sandro Mendes do V. Setúbal causou estranheza, apesar de todos os rumores que apontavam nesse sentido há muito. Num futebol em que o resultado dita a lei do chicote, o rendimento pontual dos sadinos no campeonato mantém-nos, mesmo depois de enfrentarem Benfica, FC Porto e SC Braga, acima da linha da água, indo ao encontro dos objetivos traçados para a época, que passam apenas pela manutenção. Algo robustecido por apenas duas derrotas – no Dragão (0-4) e na Luz (0-1) – em oito jogos, e pelo parco número de golos sofridos – cinco (quatro ante o FC Porto e um com o Benfica), o que conduz a um registo soberbo seis balizas-virgens –, como também por um trajeto imaculado na Taça e na Taça da Liga, competição em que mantém aspirações a chegar à fase final num grupo com Benfica, V. Guimarães e Sp. Covilhã. Bem mais assustadora é a confrangedora qualidade de jogo do Vitória. Apesar de possuírem elementos que são mais-valias do ponto de vista ofensivo, dos médios Carlinhos e Éber Bessa, fortíssimo na execução de lances de bola parada, aos extremos Mansilla, Hildeberto e Zequinha, passando pelos avançados Ghilas e Hachadi, os sadinos apenas apontaram um golo em oito jogos na Liga, confirmando-se claramente como uma equipa que se preocupa essencialmente em não sofrer, mesmo que a solidez do processo defensivo esteja mais na quantidade de jogadores colocados atrás da linha da bola do que no trabalho coletivo, envolvendo poucos elementos num processo ofensivo pouco elaborado e extremamente conjeturável. Mas se existia uma vontade tão indómita em substituir o treinador, o mínimo exigível é que a direção tivesse já estruturado um plano A e um plano B para que o clube não ficasse sem liderança técnica numa semana com dois jogos. O que ficou comprovado que não aconteceu com a ausência de um sucessor, e a promoção de Meyong, membro da equipa anterior, ao cargo de treinador interino.