Record (Portugal)

Este Porto tem dias

- Nuno Encarnação Gestor POR CULPA PRÓPRIA

Depois de semanas sem futebol de primeira, o Porto era chamado para um teste triplo. Recebia no Dragão o líder Famalicão, deslocava-se à Madeira, onde as aterragens são por vezes difíceis, e terminará com o Aves, este ciclo de três em um. A equipa vinha de uma fase irregular. Depois de terem perdido em Roterdão contra o Feyenoord, e de terem dado 5 ao Coimbrões, os azuis e brancos escorregav­am de novo em casa com o gelo que colocaram a mais no copo contra os escoceses do Rangers.

Frente ao Famalicão, o Porto cumpriu. Sérgio Conceição alterou a equipa. Colocou titulares no banco (talvez para fazer render juros no futuro) e os que foram chamados deram conta do recado. O adversário cometeu erros e o Dragão celebrou-os com golos.

Faltava a Madeira, onde Conceição repetiu o onze de Famalicão, mas a equipa mais uma vez fez jejum. O Porto controlou, criou, mas não matou. Depois de uma grande exibição, uma grande desilusão. Se muitas vezes falta a defesa, vezes a mais faltam os golos.

O Porto abstém-se de marcar, abstém-se de finalizar, logo, abstém-se de ganhar. Povoar a equipa com jogadores a mais no último terço do terreno não chega. Por vezes, parece um comício de jogadores, mas onde nenhum deles grita a palavra de ordem: golo!

Corona, no final do jogo, dizia que o resultado era injusto, mas teriam de fazer mais ainda. Estamos de acordo, mas o mais ainda resume-se apenas e de novo à palavra golo. Sem golo não há vitória de facto. É uma verdade inultrapas­sável.

Conceição, nestes três anos no Dragão, nunca teve um matador no plantel, nem terá. Mourinho, nos tempos dele, também não. Resta então criar com o plantel que tem.

ERA O QUE FALTAVA PERDER A LIGA DUAS VEZES SEGUIDAS

Falta-nos, por exemplo, o Marega dos anos anteriores. Este plantel tem qualidade e é incomparav­elmente melhor do que a grande maioria das equipas da 1.ª Liga. Pode ser um Porto curto para esta nova Europa, mas tem obrigação de ser suficiente para as competiçõe­s caseiras.

Não sei o que dizer deste Porto... Este Porto tem dias, não consegue ser constante nas exibições, ditando assim os resultados. Na condição de mocho (símbolo de alguma, mas humilde sabedoria) e não de papagaio, eu diria que é bom que a equipa perceba que para ganhar campeonato­s não basta vestir uma camisola com uma tradição ganhadora e ter ordenados de príncipe. Perder dois anos seguidos o campeonato por culpa própria, era o que mais faltava!

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