Boa sorte!

Na minha rotineira passagem pelos sites portugueses parei num nome... Feijão. E numa notícia: Feijão, treinador de futsal do Belenenses, cumpre o sonho de uma vida. Não quero deixar de partilhar algumas emoções. Aqui não há relações públicas, aqui não há o politicamente correto, aqui não há o hipócrita beijo na camisola. O Feijão, o Zé Feijão, o míster Feijão, é o Belém, o Belém onde ele cresceu, o Belém onde eu cresci. O pai, o homem da relva, a mãe, a senhora que cuidava das instalações, a casa no fundo do corredor do Estádio do Restelo com olhar sobre o então Ministério do Ultramar.

Crescemos juntos. Na casa dele, no estádio, atrás da baliza onde o meu pai treinava. Crescemos a fugir do pai dele quando nos metíamos na relva antes dos treinos do meu pai. Crescemos a fugir do mítico Manel Careca e da mãe do Zé quando nos metíamos à bolada no corredor que se iniciava no balneário da equipa sénior e terminava na casa do Feijão. Crescemos como apanha-bolas a sacar os nossos 20 escudos por jogo, mas a devorar o jogo e o som que só aqui se percebe. Este rapaz, como ele diz, cumpre o sonho de uma vida. Jogámos nas escolinhas treinados pelo senhor Inácio Rebelo, outro grande belenense, como tantos outros miúdos com um sonho. Esse não se realizou, mas hoje realiza-se um grande: o Zé é treinador do Belém. Muita sorte, meu amigo.