Sérgio Conceição Futebol Clube
O TREINADOR ESQUECE-SE INVARIAVELMENTE DE QUE REPRESENTA A INSTITUIÇÃO FC PORTO. PELAS OPÇÕES TOMADAS, FOI ELE, ALIÁS, O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELO EMPATE NA MADEIRA
O inexplicável mau estado do relvado
e o flagrante antijogo do Marítimo permitem compreender em parte a revolta de Sérgio Conceição no final do encontro da Madeira. Aliás, o tempo de descontos concedido pelo árbitro Jorge Sousa, na segunda parte, também é questionável, face às lesões ocorridas e à invariável demora dos comandados de Nuno Manta em retomar a partida. Menos compreensíveis – mas quase recorrentes – acabam por ser, no entanto, as atitudes do treinador portista no final do jogo. Deixou, numa primeira fase, o homólogo de mão estendida, como se ele não tivesse o direito de utilizar as armas de que dispunha, e protagonizou uma conferência de imprensa absolutamente lamentável. Sérgio Conceição esquece-se, por vezes, de que não está em representação dele próprio naquela tribuna patrocinada. A raiva tem de ser contida. Não era o Sérgio Conceição Futebol Clube que estava ali. Era a instituição Futebol Clube do Porto, merecedora de outro tipo de solenidade por quem a serve num necessariamente curto período da sua história centenária. O posterior ato de contrição, semienvergonhado, de pouco vale.
Aliás, Sérgio Conceição referiu-se
a tudo, a todos, mas não a si mesmo, que foi, afinal, o principal (embora não o único) responsável pelos dois pontos desperdiçados. O FC Porto empatou o jogo porque Mbemba, um central, não deu profundidade ao flanco direito, porque o melhor lateral-esquerdo ficou no banco (basta ver as oportunidades criadas pelos dragões após a entrada de Alex Telles), porque Danilo e Uribe foram redundantes, face à inexistente transição ofensiva do adversário, e porque, sem Zé Luís e Marega no onze, a equipa não se mostrou suficientemente contundente no último terço do relvado.
Bruno Lage encontrou finalmente
um onze-base, aliás, se quisermos ser um pouco mais restritos na análise, a melhor dupla atacante possível, já que as lesões, como acontece em todas as equipas, obrigam sempre a remendos, como é o caso do ressuscitado Cervi no lugar de Rafa, que tão cedo não volta a ser o grande desequilibrador do ataque benfiquista. Chiquinho reapareceu em bom plano e, talvez mais importante do que tudo isto, Vinícius revela-se como o tal ‘9’ por quem os encarnados tanto esperavam. Tem técnica, marca golos, dá sequência às jogadas e, fruto da sua compleição física, desgasta o quanto baste as defesas contrárias. Tal como aconteceu na partida com o Portimonense, ontem, frente ao Rio Ave, as águias conseguiram jogar entrelinhas. Fizeram uma 2.ª parte de luxo e, perante um adversário de qualidade, só não materializaram em golos a supremacia revelada.
COM CHIQUINHO E VINÍCIUS, BRUNO LAGE ENCONTROU UMA DUPLA PARA O ATAQUE DO BENFICA