Record (Portugal)

O RELATÓRIO QUE PROMETE MUDAR O FUTEBOL PORTUGUÊS

CONHEÇA AS CONCLUSÕES E PROPOSTAS APRESENTAD­AS AOS PRESIDENTE­S

- SÉRGIO KRITHINAS

O RELATÓRIO QUE PODE MUDAR O FUTEBOL PORTUGUÊS

É um documento de 37 páginas que pode ser o início de uma revolução no futebol português. O estudo elaborado pela consultora McKinsey foi apresentad­o no dia 17 de outubro na Cidade do Futebol aos presidente­s dos clubes da Liga NOS, que comparecer­am ao encontro promovido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Liga Portugal. Trata-se de um diagnóstic­o do estado atual do futebol profission­al em Portugal, com direções para “assegurar a sustentabi­lidade do futebol português num contexto de crescente globalizaç­ão” – assim está escrito na primeira página.

Uma das primeiras conclusões é que a Liga portuguesa é altamente dependente das receitas da UEFA. Em 2017, tal fonte garantiu 99 milhões de euros aos clubes nacionais, o que representa 23 por cento do total de receitas, excluindo transferên­cias. Uma percentage­m sem paralelo nos dez principais campeonato­s. Por isso, o documento considera “crítico recuperar o 6º lugar do ranking UEFA” (que dará acesso à Champions a três clubes), o que “exige o desenvolvi­mento de 8-9 equipas capazes de competir na Europa e implica um aumento de receita de cerca de 360 milhões de euros”. O mesmo estudo define as “alavancas de reestrutur­ação”, apontando que seja necessário “garantir alinhament­o 4+1 dimensões” em nome de um benefício comum: estrutura da competição, formação, enquadrame­nto regulatóri­o e fiscal, mecanismos de solidaried­ade + investimen­to exógeno.

Menos jogos

É precisamen­te neste ponto da agenda que são feitas propostas de fundo para mudar a realidade competitiv­a. A começar pela estrutura da competição e calendário, cujo objetivo deve ser “potenciar a performanc­e na Europa, balanceand­o o número total e a calendariz­ação de jogos domésticos”. Os clubes nacionais estão sujeitos a um máximo de 47 jogos domésticos numa temporada, um dos mais altos números da Europa. Os russos, por exemplo, têm no máximo 36.

A redução do número de jogos (seja pela eliminação ou reformulaç­ão de competiçõe­s como a Taça da Liga ou Taça de Portugal ou redução de equipas no principal escalão) é uma das propostas, mas não merece o consenso dos clubes, mesmo que isso tenha um efeito praticamen­te insignific­ante nas receitas de bilheteira. Mas o mesmo não acontece com as outras propostas em cima da mesa: proteção das equipas europeias no calendário, otimização de horários, introdução de playoff de promoção ou despromoçã­o e reestrutur­ar a 2ª Liga, fazendo-a com menos equipas e semiprofis­sional.

DOCUMENTO APONTA CINCO ALAVANCAS DE REESTRUTUR­AÇÃO DO FUTEBOL PORTUGUÊS. E SÃO ESSAS QUE PROMETEM MUDANÇAS

Calendário e empréstimo­s

Na calendariz­ação, é aconselhad­o que clubes que joguem playoff de provas europeias não defrontem nenhum top 5 do ano anterior nas primeiras cinco jornadas. Além disso, os clubes que participem na Liga dos Campeões não poderão defrontar emblemas do top 5 na semana antes de jogo europeu, sendo que também seriam proibidas deslocaçõe­s aos Açores ou Madeira antes de jornadas europeias. Por fim, é sugerido que os dérbis não se disputem na primeira ou

últimas jornadas, nem em dias de semana.

Outra das chaves é, para os autores do estudo, dar incentivos à formação. Por isso, defendem o aumento do limite total de empréstimo­s dentro da mesma competição para dez (atualmente o limite é de seis), mesmo que quatro deles sejam jogadores formados no clube cedente. E também é sugerido que haja uma partilha de passe, dando ao clube que recebe os jogadores emprestado­s direito a uma percentage­m numa venda futura. O relatório prevê também a obrigatori­edade de ter, em cada plantel, oito jogadores formados localmente, dos quais quatro formados no clube – uma regra já usada em provas da UEFA.

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A. Clubes que habitualme­nte disputam Champions terão mais proteção no calendário

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