Record (Portugal)

Porto simplesmen­te

- Gestor

No Dragão não se viveram dias fáceis nas últimas semanas.

O empate nos Barreiros, a aflição com o Aves e a derrota na Escócia somavam-se à inquietude de Sérgio Conceição e culminaram com a festança dada por Cindy Garcia (mulher de Uribe), nas vésperas de um jogo decisivo no Bessa.

A administra­ção do Porto e o treinador estiveram sublimes. Mão pesada, e um castigo tão justo como o vestido da menina Cindy.

Os quatro atletas envolvidos (Marchesín, Uribe, Díaz e Saravia) arranjavam assim um belo 31 (equiparado aos milhões que o Porto gastara meses antes nas suas contrataçõ­es), a uma equipa que tem sofrido para encontrar os melhores resultados.

Conceição deu a cara, falou para o balneário, blindou os atletas e passou-lhes a mensagem certa ao explicar-lhes que 19 jogadores chegam e sobravam para ganhar no Bessa.

Há males que vêm por bem. Ao prescindir de três putativos titulares, ganhou outros tantos no resto do plantel. Apostou no atreviment­o de Fábio Silva (num campo especial para o seu pai), colocou Mamadou a ‘Loum’, provando que este jovem jogador tem muita qualidade, e deu a titularida­de muito merecida a Diogo Costa na baliza.

Armou o Porto com um muro verdadeira­mente intranspon­ível (com Danilo, Loum, Mbemba e Marcano), no dia em que se comemorava os 30 anos da queda em Berlim, e deixou o menino Fábio fazer as travessura­s à defesa contrária que a sua idade permite.

As nossas claques estiveram lá, sempre de mão dada a esta equipa num momento tão difícil.

Esta vitória valeu bem mais do que três pontos, mostrou que o Porto é capaz de muito mais do que tem feito e que este plantel chega para sermos campeões.

Agora que vamos entrar em nova pausa prolongada do campeonato, é altura de voltar ao laboratóri­o e perceber de que forma poderemos marcar mais golos em cada jogo.

Conceição e a equipa têm de saber viver com as críticas e ter a noção que os adeptos não estão contra o treinador ou contra os jogadores, estão sempre ao lado do Futebol Clube Porto e sim contra as ‘derrotas’ do clube. As derrotas tornam-nos irracionai­s.

Carlos do Carmo (no adeus aos palcos) disse esta semana um frase que encaixa em pleno no que acabo de dizer: “As pessoas colocaram-me num patamar, que se eu desço, desiludo-as”.

Conceição e os nossos jogadores desceram esse patamar nas últimas semanas, provocando uma desilusão profunda em cada um de nós.

Ganhar é o melhor remédio, mas ter tarimba para reconhecer a razão das críticas dos outros, é um sinal de inteligênc­ia maior.

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