Record (Portugal)

DESPORTO CHORA O ADEUS A POULIDOR

- PEDRO FILIPE PINTO

ciclismo ficou ontem mais pobre com o faleciment­o de Raymond Poulidor após mais de um mês internado. Porém, por tudo o que fez ao longo dos 83 anos de vida, ‘Poupou’ vai ficar marcado na história do ciclismo (e do desporto) como um grande, uma verdadeira lenda. Foram 17 anos de carreira e 189 vitórias, no entanto, este francês acabou por ficar conhecido... pelos segundos lugares. Subiu ao pódio da Volta a França em oito ocasiões... mas nunca com a camisola amarela: foi três vezes segundo e cinco terceiro. Conquistou quatro medalhas em Campeonato­s do Mundo... mas nunca a de ouro: uma de prata e outras três de bronze. Mas não foi por não conseguir cumprir o sonho de qualquer ciclista francês que Poulidor perdeu aquele sorriso caracterís­tico que permaneceu até aos últimos dias. Foram muitos segundos, mas este antigo ciclista ficará na história como um dos mais talentosos. A correr na era de outras lendas como Jacques Anquetil (o primeiro a ganhar o Tour por cinco vezes), Eddy Merckx (dispensa apresentaç­ões), Felice Gimondi e Joaquim Agostinho, Raymond Poulidor conseguiu rechear o palmarés com a vitória da Volta a Espanha de 1964, de duas edições do Critério do Dauphiné e do Paris Nice, de uma Milan-San Remo e ainda sete etapas no Tour, entre muitas outras. Uma lenda que será para sempre lembrada.

O eterno segundo, como ficou conhecido, faleceu aos 83 anos após mais de um mês internado

Pelotão de luto

Nos últimos meses, Poulidor era mais visado por ser avô do fenómeno Mathieu van der Poel, mas o mundo do ciclismo não esquece ‘Poupou’ pelo que fez em cima da bicicleta, e não só. Muitas foram as mensagens deixadas nas redes sociais e, como é óbvio, a mais emocionada é a do neto: “Sempre tão orgulhoso”, escreveu MVDP, que teve o avô ao seu lado em quase todas as vitórias ao longo da carreira. Merckx também lembrou o rival. “Parte um grande amigo. Foi muito mais do que o eterno segundo”, frisou, lembrando os muitos duelos que protagoniz­ou contra o francês. Por seu lado, Chris Froome não esquece os muitos abraços e “palavras simpáticas daquele senhor sempre sorridente”, enquanto Mark Cavendish remata de forma perfeita: “O que fez inspira gerações e gerações de desportist­as. Nunca o vi sem um sorriso. Descanse em paz.”

NO TOTAL, RAYMOND POULIDOR SUBIU OITO VEZES AO PÓDIO EM PARIS, MAS NUNCA COM A CAMISOLA AMARELA VESTIDA

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DISCÍPULO. Poulidor era figura próxima do neto Mathieu van der Poel

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