Divórcio com a bola
Numa jornada em que dois jogos – Sporting-Moreirense; Famalicão-Tondela – não terminaram com mais faltas do que remates, contrariando a lógica deprimente da 1.ª Liga em 2019/20, o Aves colocou um ponto final numa série de 11 derrotas consecutivas em jogos oficiais. Ainda por cima, com uma vitória caseira ante um ultrafavorito Sp. Braga, que tarda em encontrar no campeonato a fulgência de resultados que tem exibido numa soberba campanha na Liga Europa. Ricardo Sá Pinto, no final do jogo, queixou-se, com total razão, do permanente antijogo de um rival que não quis jogar. Foi essa, por mais estranha que possa parecer, a arma de Nuno Manta para arrancar um precioso triunfo na luta pela sobrevivência. É certo que a manta avense é extremamente curta, e que o técnico foi sagaz a aproveitar alguns talentos oriundos da formação de sub-23, juntando-os a Welinton, Mohammadi ou Estrela. Mas é mau – muito mau mesmo – que o triunfo tenha sido edificado num futebol paupérrimo, bem patente no número de passes efetuados (175, o que significa menos de dois passes por minuto!) e na pornográfica percentagem de acerto no passe (40%, representativos de 70 passes certos, 20 dos quais longos). Por isso, e apesar dos 3 pontos conquistados, há pouco – muito pouco mesmo – a retirar de positivo desta partida para os avenses, que precisarão de atingir outros patamares exibicionais para escaparem à descida. Mas também há algo de que Sá Pinto não poderá fugir. Além da incapacidade que o Sp. Braga tem relevado para criar em ataque posicional, inexplicável face à elevada qualidade individual que tem à sua disposição, só conseguir enquadrar dois de 13 remates (12 deles efetuados dentro da área) é curto. Mesmo muito curto.