Record (Portugal)

FRANCISCO SALGADO ZENHA

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FSZ - Tenho poucas dúvidas de que vai ser afetado. Aliás, as entidades responsáve­is pela organizaçã­o e regulação do futebol vão ter de intervir. Seja por via de criar estruturas de competição que poderão ser mais atrativas, do ponto de vista de receitas – isso até já estavam a fazer –, mas, sobretudo, pela via de alterar algumas regras do jogo. Por exemplo, o mercado de transferên­cias, este ano, só vai estar aberto até ao final de agosto? Não é possível nem praticável que o mercado de transferên­cias feche na mesma altura dos anos anteriores. Isto terá de ser revisto. Há aqui muitas medidas que vão ser abordadas quando tivermos mais visibilida­de sobre o impacto concreto desta crise e, com certeza, terá de haver intervençã­o. Por exemplo, esta é uma delas. Não restem dúvidas: vão ser tempos difíceis para o futebol.

A manter-se a situação por muito mais tempo, admite recorrer ao fundo de reserva ou à antecipaçã­o de receitas televisiva­s para fazer face aos compromiss­os do clube e da SAD? Como direções anteriores fizeram.

FSZ - Se esta situação se estender pela próxima época, ninguém faz ideia das consequênc­ias. Serão segurament­e dramáticas. Não é uma questão de antecipaçã­o de receitas… ou não. Mas, se eu entro na época desportiva 2020/21, em que não há jogos nem transmissõ­es televisiva­s, com certeza que também não haverá financiame­nto dessas transmissõ­es televisiva­s. O mercado vai estar fechado. Quando a situação é sistémica, não é localizada no Sporting, é sistémica, a dificuldad­e que existe é conseguir fazer-se o que quer que seja, designadam­ente financiame­nto. Isso é um problema para mim, para a economia global e também para o futebol. Até os grandes clubes europeus terão dificuldad­es em comprar jogadores, o que criará problemas aos clubes que são vendedores.

As linhas de crédito criadas pelo Governo, para fazer face a esta crise, são um recurso que o Sporting pode vir a utilizar?

FSZ - O primeiro-ministro e o Governo estão numa situação muitíssimo delicada e a fazerem aquilo que está ao seu alcance para resolver a situação horrível em que estamos, mas também é verdade que o futebol não pode ser deixado de parte. O futebol é um sector de atividade que, como disse Pedro Proença e muito bem, tem uma importânci­a significat­iva para a economia nacional, representa­ndo 0,3 por cento do PIB – estamos a falar de cerca de 135 milhões de euros de impostos todos os anos. Mas não é apenas isso. Estamos a falar de um sector de atividade que tem três jornais diários, que alimentam esta indústria e as pessoas em casa com notícias. Mais de 90 por cento da população portuguesa tem um interesse real no futebol. Falamos

“HAVENDO FOMENTO DEPOIS DESTA CRISE, ESPERAMOS QUE TAMBÉM HAJA O MESMO TIPO DE AJUDA E APOIO AO FUTEBOL”

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