“Orçamento não será superior”
Com
um orçamento de 70 milhões de euros para a próxima época, a SAD espera fazer mais e melhor do que na presente temporada? De que forma?
FSZ – Sei que gostam de falar de orçamentos, mas eu não confirmo o valor, até porque no futebol é subjetivo. Depende de que variáveis e rubricas querem lá colocar. De qualquer maneira – e não confirmando esses valores –, há uma coisa que eu garanto: face àquilo que é o coronavírus não será superior. Garantidamente. Tenho muitas dúvidas de que sairemos desta situação com igual ou maior capacidade do que tínhamos antes.
Mas é notório de que existem várias posições a reforçar. Como é que pretendem fazer esticar o valor disponível?
FSZ – Antes de estarmos a avaliar o plantel, é preciso ter em conta duas coisas. A primeira é deixar-se o treinador trabalhar, avaliar o plantel, para se perceber se há, de facto, necessidade de reforços. Não é por fazer maus jogos que o plantel não tem qualidade... Tem
Fernandes foi vendido em janeiro, para fazer face a dificuldades de tesouraria. O Sporting continua a ter de vender para poder investir?
FSZ – O Sporting e os clubes portugueses são vendedores. Isso faz parte da estratégia dos próprios clubes, pois têm de vender para serem competitivos. Se nos cingirmos ao orçamento, excluindo vendas, os clubes portugueses têm muito pouca capacidade, porque têm receitas inferiores aos seus pares europeus. Caímos todos na mesma fase da Liga Europa, mas até houve um grande número de clubes a passar a fase de grupos, e isso deve-se ao facto de conseguirem manter alguma competitividade das equipas porque vão vendendo. Gera receitas que permitem contratar e pagar salários um bocadinho mais altos. No fundo, gera competitividade.
Sente que existem no plantel jogadores com qualidade para captar o interesse do mercado?
FSZ – A valorização numa equipa da dimensão do Sporting é relativamente fácil, desde que também exista a qualidade. Nós entendemos que há qualidade. Vai continuar a haver Brunos Fernandes todos os anos? Não, isso é mais difícil. Infelizmente, é muito difícil que aconteça. Agora, existem no plantel jogadores com qualidade que são transferíveis por valores interessantes? Existem. Outra questão prende-se com a facilidade de vender jogadores já no próximo verão. Vai ser de dar-se tempo ao treinador, que tem as suas ideias, vai conhecer os jogadores, vai pô-los a jogar e vai perceber se e em que posições é preciso reforçar o plantel. E aí faz-se uma avaliação. Sendo certo que nós não vamos aumentar o orçamento. O segundo aspeto a ter em conta é que começamos a ter jogadores jovens a aparecer. Temos uma equipa de sub-23 que tem qualidade e jogadores que têm contrato com o Sporting, não estão no clube e podem ter qualidade para estar. No fundo, temos outros reforços, entre aspas, que podem vir a ser
FSZ – Uns têm mais potencial do que outros, seja pela idade, seja pelas exibições que fazem. Se nós tivermos um jogador de que a opinião pública não goste, mas que até ao final da época rubrique
“VAI CONTINUAR A HAVER BRUNOS FERNANDES TODOS OS ANOS? INFELIZMENTE, É MUITO DIFÍCIL QUE ACONTEÇA”
boas exibições, pode surgir uma proposta interessante. Há uma coisa que nós temos: um plantel que está adequado – pelo menos, até ao aparecimento do coronavírus – ao mercado do futebol. A nível salarial, aquilo que fizemos no último ano permite que os jogadores tenham mercado. Sejam os de maior rendimento, sejam os de menor. Antes do coronavírus, até jogadores com menor rendimento tinham propostas. Teremos sempre facilidade em vender, embora esse tenha sido outro aspeto importante na contratação de Rúben Amorim. Começámos a perceber que a equipa não estava a desenvolver bom futebol e que havia uma desvalorização dos ativos. Os jogadores não estavam a valorizar-se com as exibições e pesou na decisão de trazer o Rúben Amorim. mais-valias e, se calhar, não há assim tanta necessidade de procurar reforços no mercado.
A aposta no empréstimo de jogadores em fase descendente da carreira, como Jesé Rodríguez, é para manter?
FSZ – Os empréstimos são sempre uma possibilidade. São uma prioridade? Não. Nem o foram no ano passado. Acabámos por receber os três jogadores por empréstimo, porque na altura a situação económica também não nos permitia contratar. Houve essas oportunidades e foram feitas as contratações. O Fernando não correu bem. O Bolasie tem tido mais rendimento do que o Jesé, mas também é injusto dizer-se que o menor rendimento de Jesé foi exclusivamente por culpa dele. A performance da equipa, ao longo do ano, também não ajudou.