Um génio com pés de barro
Ronaldinho Gaúcho, o génio do sorriso metálico e do ‘elástico’ que fazia titubear os adversários, passou o 40.º aniversário numa prisão de Assunção, no Paraguai. É apenas mais um exemplo das dificuldades por que passam muitos craques (e o brasileiro foi um dos maiores na história do futebol mundial) após se jubilarem.
O astro brasileiro pareceu sempre vulnerável às influências perniciosas do irmão Roberto Assis, que passou, sem sucesso, pelo Sporting no final da década de 90. Foram ambos detidos a 6 de março por posse e uso de passaportes paraguaios e decorrem investigações para apurar até que ponto estão envolvidos numa rede de corrupção paraguaia que levou à prisão de outras 15 pessoas, acusadas de evasão fiscal, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos. Aos dois irmãos já foram rejeitados três pedidos de liberdade condicional ou de prisão domiciliária, por o juiz achar que há alto risco de fuga. E a suspeita estará relacionada com o facto de Ronaldinho e Assis já serem conhecidos no Brasil por andarem a viajar nas margens da lei. Contra eles há oito ações na justiça, incluindo algumas por milionárias dívidas tributárias. Detêm, por exemplo, uma empresa (‘18K Ronaldinho’) que é acusada de ter um esquema piramidal que oferecia ganhos de dois por cento ao dia em investimentos em criptomoeda. A empresa nunca esteve registada e os investidores terão perdido à volta de 65 milhões. Mas Ronaldinho já pagara 2 milhões de euros de multas em 2014 por se ter envolvido num negócio do género com a empresa Panela FC. Ficou com o seu passaporte apreendido e com 57 propriedades hipotecadas, porque o fisco só encontrou 5 euros nas suas contas bancárias. Em 2015, a revista ‘Forbes’ colocava Ronaldinho no cimo da lista de futebolistas mais ricos do Mundo, com uma fortuna calculada em 83 milhões de euros.