SURFISTAS FORA DE ÁGUA
IPDJ permite que atletas de alto rendimento vão para o mar. Presidente da FPS desaconselha
O surf, tal como todas as outras modalidades, tem sido fortemente afetado pelo coronavírus. A World Surf League (WSL) cancelou as três etapas australianos do circuito mundial (em março, abril e maio), suspendeu todas as provas do circuito de qualificação e a Federação Portuguesa de Surf (FPS) fez o mesmo, pelo que até (pelo menos) junho... não há surf. E, para já, a vontade de quem dirige a modalidade no nosso país é de que os surfistas nem sequer entrem dentro de água. “Estamos a aconselhar os nossos surfistas a não irem para o mar. É claro que uma coisa é poderem fazer surf à porta de casa, outra é as deslocações e tudo isso,
NÃO HÁ QUALQUER PROVA AGENDADA ATÉ JUNHO: FORAM TODAS ADIADAS OU CANCELADAS
mas de qualquer das maneiras aconselhamos a que não surfem. Treinem em casa, há muita coisa possível para fazer. As equipas nacionais têm cumprido esses pedidos”, contou-nos João Aranha, o presidente da Federação, que não concorda com o decreto do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), que permite aos atletas de ‘alto rendimento’ continuarem a treinar em condições próximas das habituais: “Não concordamos com isso. Eu penso que a ideia do IPDJ e do Comité Olímpico seria permitir aos atletas do projeto olímpico treinarem, mas penso que não faz sentido. Aliás, o Frederico Morais [único português já apurado] tem sido um dos surfistas que mais tem dado o exemplo e ficado em casa. Tem sido de um civismo incrível em todo este processo de quarentena.”
Nem todos concordam...
João Aranha lembra que a prova de qualificação olímpica (Mundial ISA) foi adiada (para junho, pelo menos), mas que ainda assim tem tido mais surfistas que querem levar os seus filhos para o mar: “Há vários pais que não ligam muito ao que nós dizemos e pressionam-nos para emitir declarações que permitam aos filhos fazer surf. Já lhes explicámos que nem sequer somos nós que podemos passar esse tipo de autorizações, mas sim o IPDJ.” No caso do surf, há cerca de 40 atletas que ‘encaixam’ na categoria de ‘alta competição’, pelo que poderia tornar-se naturalmente perigoso se todos eles decidissem surfar pelas praias deste País, numa altura em que a sua utilização para o comum dos cidadãos nacionais está completamente interdita.
“O NOSSO CONSELHO TEM SIDO PEDIR AOS ATLETAS QUE FIQUEM A TREINAR EM CASA. HÁ MUITA COISA QUE PODE SER FEITA”