VIEIRA CONGELA MERCADO
Operação foi indeferida por irregularidades no mecanismo de financiamento. Águias não entendem por que a questão não foi levantada no início
BENFICA RECUSA VENDER EM SALDOS E PREPARA-SE PARA MANTER QUASE TODO O PLANTEL
PRESIDENTE ANTEVÊ MUITO POUCAS ENTRADAS E SAÍDAS
PRIORIDADE CONTINUA A SER UM CENTRAL SAD AMEAÇA CMVM COM TRIBUNAL PARA GARANTIR A OPA NÁPOLES ENTRA NA CORRIDA POR KOCH
Estupefactos”. Foi esta a palavra proferida por fonte do Benfica em reação à notícia do indeferimento da Oferta Pública de Aquisição (OPA) de cerca de 28 por cento das ações da SAD que estão dispersas. A razão invocada para o indeferimento foi de irregularidades no mecanismo de financiamento, dando ao Benfica dez dias para apresentar uma alternativa. No entanto, as águias contestam esta leitura e, em comunicado enviado à CMVM, prometem “prestar ao mercado (...) a informação necessária ao esclarecimento do solicitado” e que irão “pronunciar-se no prazo legalmente previsto sobre o referido projeto de indeferimento”. Apesar de não o anunciarem, os encarnados, sabe Record, devem ir para tribunal para fazer valer os seus argumentos.
Na base da nega da CMVM esteve o mecanismo de financiamento da operação. Para o regulador, as águias planeavam comprar as
ações da SAD com dinheiro da própria SAD – a sociedade paga uma renda anual ao clube, que assim poderia suportar uma operação de até 32,7 M€. A CMVM entendeu que se trata de assistência financeira, uma irregularidade que impede a concretização da OPA e que, segundo a TVI, poderá mesmo levar a uma multa aos encarnados, já que não foi comunicada aos investidores da SAD. O Benfica não entende como é que a decisão foi apenas tomada agora, quando o mecanismo de financiamento foi apresentado em dezembro. Para os encarnados, a ‘polícia da Bolsa’ deveria ter levantado a questão logo no início, dando mais margem para que o clube encontrasse uma alternativa, até que chegou a ser levantada em fevereiro. Por isso, na Luz, é convicção de que o assunto irá mesmo a tribunal.
As águias receberam a notificação da CMVM às 12h47, minutos antes das primeiras notícias sobre o indeferimento da operação. Já antes disso, logo pela manhã, as ações tinham sido suspensas, alegadamente por causa da notícia sobre a possível desistência do próprio Benfica, divulgada na quinta-feira. Na altura da suspensão, os títulos estavam a 2,70 euros, o valor mais baixo desde 18 de novembro, dia em que foi anunciada a OPA. A cotação mais alta foi registado em janeiro, quando cada ação valia 4,68 euros.
DRAGÃO IRONIZA Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, ironizou no Twitter: “Queres ver que a CMVM descobriu que era tudo uma vigarice? Não acredito (...) afinal são todos bons rapazes”.