Record (Portugal)

Tiro ao Varandas

- CONTÁGIO,

O atual presidente do Sporting começou o seu mandato com um pecado original, qual seja o de ter vencido as eleições com maioria relativa e não absoluta. Nem ele tem culpa, nem isso lhe retira legitimida­de, outrossim resulta de uns estatutos que têm vindo a revelar-se desadequad­os, e nalguns casos até tristement­e anedóticos.

Por razões que não cabem no âmbito deste artigo, há adeptos do clube para quem o propósito, quase obsessivo, é contestar o presidente, mais do que ajudar o clube a recuperar de uma crise, da qual Varandas não é o principal responsáve­l. Até na lonjura de Trondheim, o mote não foi festejar a vitória, mas proclamar o ‘Varandas out’.

Sempre prezei no Sporting a liberdade de expressão, que não existe noutros clubes, mas, como em todos os direitos, há limites de decência. Não sei se Varandas foi requisitad­o ou se se voluntario­u. Pouco importará, face à situação existente. Foi, apenas e só, mais um cidadão que, no âmbito das suas qualificaç­ões, vai ajudar.

O Sporting e a sua SAD, como todos sabem, tem administra­ções colegiais, capazes de funcionar, mesmo em caso de impediment­o de um dos seus membros, para mais quando esse impediment­o é temporário e ditado por razões de interesse nacional.

Qualquer ignorante percebe que este não é um caso de impossibil­idade física, mas de uma incapacida­de temporária de exercício. Releva assim do mais reprovável mau gosto e macabra leviandade esta iniciativa de requerer a convocação de uma assembleia geral, nesta altura de afastament­o social, para discutir se Varandas pode ou não continuar a ser presidente do Sporting. Vale tudo, mesmo o agravament­o de risco de contágio, desde que sirva para apontar a

VALE TUDO, MESMO O RISCO DE PARA APONTAR AO PRESIDENTE

Varandas. Esta atitude é tão desumana que me custa ver subscrita por quem se diz sportingui­sta.

Eu sei que esta e outras atitudes têm uma impressão digital, que se esconde por detrás de quem não pensa pela sua cabeça, mas há limites que, neste caso, foram ultrapassa­dos. O que Varandas fez de bem ou de mal, será no local e momento próprios apreciado pelos sócios. É assim em todas as instituiçõ­es e, por maioria de razão, no Sporting. Porventura, será pedir muito, mas não será possível fazer um esforço de dignidade, nesta altura tão conturbada?

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