Os ricos do futebol e os outros
trolado. A economia retomará o seu passo lento, deixando para trás muitos milhões de empregos e outras formas de vida. Uns poucos enriquecerão; por cada um, haverá milhares de novos desempregados. Um exército de gente que precisa que lhe apontem futusanitária, o futebol brotará das lágrimas dos enlutados, dos desesperados. O futebol brotará – e todo o desporto –, como da terra despontam as plantas. A semente permanece viva, à espera da chuva e do sol. Assim é o futebol.
Nesta crise, já o sublinhei na passada semana, os bons mostrar-se-ão ainda melhores; e os maus, piores. Do futebol vem um extraordinário exemplo de ação solidária. Ronaldo e Jorge Mendes doaram verbas bastantes para salvar centenas de vidas em Lisboa e no Porto. O Sporting de Braga também fez uma doação muito significativa ao hospital da cidade. O Benfica tinha dado o primeiro toque.
O futebol não é aquela escola de virtudes com que os miúdos da minha geração sonhavam, quando liam os excelentes prosadores do jornalismo desportivo. Mas os seus protagonistas têm muito a ensinar às primeiras figuras de outras áreas da economia. Em tempo de vacas magras os mais ricos devem provar-se solidários. Não basta bater com a mão no peito e dizer-se português.
Esta crise mostra, aqui, como por toda a Europa Latina, que devemos exigir um melhor Estado.
Mas, enquanto nada fazemos para o alcançar, é preciso acudir aos que sofrem.
OS PROTAGONISTAS DA MODALIDADE TÊM MUITO A ENSINAR ÀS PRIMEIRAS FIGURAS DE OUTRAS ÁREAS DA ECONOMIA. EM TEMPOS DE VACAS MAGRAS OS MAIS RICOS DEVEM PROVAR-SE SOLIDÁRIOS