Record (Portugal)

“Jogadores chegaram-se à frente e parou tudo”

- JOSÉ MANUEL FREITAS

Todos contra jogos à porta fechada. Agora, ninguém sabe quando regressa o futebol na Polónia

çNão fala polaco, que considera mais difícil do que o grego, e trata de todos os assuntos em inglês. Reside na periferia de Varsóvia, num bairro com prédios de apartament­os com pouco mais de dez anos, ele e os seus companheir­os estrangeir­os do Legia, clube que representa desde setembro de 2018. Vive sozinho, porque continua solteiro, e diz-se de bem com a vida. Eventualme­nte por, devido ao seu futebol, ter renovado, no final de janeiro, por mais dois anos com os ‘militares’. A radiografi­a pertence a André Martins, médio de 30 anos, que passou 16 da carreira no Sporting. Fechado na sua residência há mais de dez dias em casa – “fui duas vezes ao supermerca­do”, confessa-nos –, apanhamo-lo no sofá: “Estava a ver um pouco de televisão. Fiz o meu treino e estava à espera do seu contacto. O clube disponibil­izou uma bicicleta e mais algum material, e vai-se fazendo alguma coisa. Desde dia 14 é assim. Sim, estou sozinho. Continuo solteiro. Estiveram cá os meus pais e irmão há um mês… Mas quer saber uma coisa: a Liga queria que estivéssem­os a jogar naquele dia, à porta fechada, mas os jogadores chegaram-se à frente e parou tudo.Parajá,vamosestar­parados, mas a minha leitura é esta: não há data nem para voltar aos treinos, nem para jogar.”

“TENHO MEDO PELA MINHA FAMÍLIA, ESPECIALME­NTE PELA MINHA MÃE QUE TEVE CANCRO, HÁ OITO ANOS”, SUBLINHOU

Sofrer à distância

André Martins garante-nos que anda menos gente nas ruas, mas tem a ideia de que os polacos “não sabem quão grave é a situação”. “Disse isto no balneário, a pedido do meu treinador [Vukovic]: não tenho medo por mim, pois acredito que o meu sistema imunitário protege-me, mas tenho medo pela minha família, especialme­nte pela minha mãe, que teve cancro há oito anos. E depois estou muito longe de Santa Maria da Feira e não os posso proteger.” Garantido que não sente assim tantos problemas em estar sozinho – fala mais do que uma vez por dia com os pais –, André Martins garante estar bem: “Estou melhor na Polónia do que estive na Grécia. Ganhei preponderâ­ncia na equipa, sou respeitado por todos, as pessoas gostam de mim. E o clube não falta com nada.”

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HOBBY. André Martins considera-se “um gamer”

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