O futuro da SAD (1)
Muito se tem discutido a propósito de uma temática que tenho recorrentemente abordado nesta coluna, que é a do investimento externo na SAD do Sporting. O meu consócio José Ribeiro fê-lo, recentemente, no blog ‘Leonino’, de uma forma que me apraz registar. Sendo contrário às minhas teses, discordou com um tom cordato e elevado, próprio do que deve ser um debate entre sportinguistas.
Gostaria, relativamente aos seus argumentos, de deixar, no mesmo registo, as considerações que seguem. Eu não advogo a entrada de investimento exterior na SAD, por prazer, masoquismo ou com segundas intenções. Faço-o porque defendo que o acionista Sporting Clube de Portugal já não tem condições financeiras e de estabilidade para ser maioritário na SAD. Não é, pois, uma questão de oportunidade, outrossim de realismo. E de necessidade, claro está.
Independentemente dos sucessivos erros de gestão que foram no passado cometidos, a fraca performance desportiva do Sporting tem ligação direta e necessária à permanente escassez de meios financeiros. Acresce que a banca e o mercado financeiro já não disponibilizam meios às equipas de futebol em geral.
Estou cansado de assistir, com crescente frustração, à objetiva decadência do Sporting no futebol sénior profissional. Nunca alinhei em fatalismos ou preconceitos, e da mesma maneira que o Sporting esteve na linha da frente quando ousou inovar com a Academia e a própria SAD, não vejo razão para abdicar de ter visão e ir para além das frases feitas. A grandeza do Sporting assim o exige.
Eu sei que o Real Madrid e o Barcelona vivem bem com recursos próprios e que no Málaga deu para o torto (e o Belenenses, ‘por cause’), tudo isso são exemplos a ter em
O WOLVERHAMPTON, COM UMA GESTÃO INTELIGENTE, PODE SER UM CASO
conta, embora com os dois primeiros não nos possamos, infelizmente, comparar. Mas o caso do Wolverhampton, arrancado às profundezas das divisões secundárias, com investimento quanto baste e uma gestão inteligente, pode ser inspirador.
Não significa isto que o Sporting perca a sua identidade e valores e abdique de ter voz nas decisões – aliás, a lei vigente não o permite. Há parcerias e modelos que podem ser negociados e, como em tudo, ‘est modus in rebus’…
As limitações de espaço levam a que fique para a semana a abordagem dos temas do fair play financeiro e do ecletismo. Quanto às motivações, espero ter sido claro.