BRINDAR COM CAFÉ AO FIM DO JEJUM
APÓS 18 ANOS SEM CELEBRAR O TÍTULO
A 14 de maio de 2000, leões golearam o Salgueiros, por 4-0, e o país parou...
Primeira paragem: Coimbra. No Restaurante Brasil. Para beber um café por 25 escudos. José Roquette cumpria a promessa e colocava ponto final numa outra, feita muitos anos antes por Manuel de Jesus, proprietário do estabelecimento, entretanto falecido, que, numa discussão de ‘bola’ com um adepto benfiquista, se comprometera a não aumentar a ‘bica’ enquanto o Sporting não voltasse a ser campeão. Se fosse vivo, teria esperado 18 anos, até àquele dia 14 de maio de 2000.
Enquanto o presidente do clube e demais dirigentes se deliciavam com o café mais barato do país, milhões de sportinguistas pintavam já, a verde e branco, ruas, praças e avenidas de toda e qualquer localidade onde existissem portugueses. Em Portugal e no Mundo. Era como que o explodir de um sentimento contido ao longo de quase duas décadas, em que o clube estivera perto, muito perto ou muito longe de repetir os êxitos de 1982. Era verdade. O Sporting tinha sido campeão e o café podia, finalmente, aumentar para 100 escudos no Restaurante Brasil.
Por essa altura, já o grupo liderado por Augusto Inácio e recheado de estrelas como Peter Schmeichel, André Cruz, Beto, Rui Jorge, César Prates, Duscher, Pedro Barbosa, De Franceschi, Iordanov, Mpenza, Ayew ou Acosta, deixara Vidal Pinheiro e rodava a grande velocidade em direção a Lisboa. As entradas da autoestrada estavam congestionadas, tantos os automobilistas que queriam saudar a passagem dos novos campeões. Houve quem entrasse em Torres Novas e saísse em Santarém só para, durante alguns minutos, poder rolar ao lado ou atrás do autocarro do Sporting. As televisões acompanharam o veículo durante todo o percurso. Algo que hoje é encarado como normal, em 2000 era uma novidade.
“A MASSA ASSOCIATIVA DO SPORTING MERECE TUDO”, GARANTIU BETO NA VARANDA DOS PAÇOS DO CONCELHO
Fogo de artifício e invasão
Na capital, a festa fez-se em dois locais. Nos Paços do Concelho, onde foram recebidos José Roquette e Luís Duque, o então presidente da SAD, além dos futebolistas Pedro Barbosa, Beto, Iordanov e Vidigal; e em Alvalade, onde cerca de 60.000 adeptos aguardaram até às primeiras horas da madrugada para saudar a restante equipa. Parecia dia de jogo. Houve fogo de artifício na Praça do Município e, no estádio, invasão do relvado, o que precipitou o fim dos festejos. “São momentos únicos, para mim, este é um momento único. Parabéns à massa associativa do Sporting. A massa associativa do Sporting merece tudo”, confessou Beto, em lágrimas, na varanda dos Paços do Concelho.