Acima de tudo: estabilidade e confiança
Joaquim Evangelista
çIndependentemente das di- ficuldades que o momento que vivemos coloca, o Sindicato dos Jogadores tem procurado contribuir para reforçar um clima de confiança na retoma que to- dos desejamos. A opinião de cada um é legítima e temos assumido uma postura de esclarecimento, para que todos possam tomar decisões conscientes e informadas.
1. No que respeita à retoma da Liga NOS, a controvérsia gerada em torno do protocolo para o futebol, aprovado pela DGS, deve servir-nos de lição. Medidas desta natureza devem ser abordadas frontalmente pelos responsáveis políticos e especialistas envolvidos, comunicadas aos destinatários de forma a que se perceba, claramente, a sua racionalidade. As dúvidas dos jogadores e da comunidade desportiva foram legítimas. Eu próprio quando li o documento fiquei com imensas. Foi, por isso, importante a reunião do comité de emergên- cia da FPF, realizada na manhã seguinte. De tal maneira que decidi solicitar o mesmo mode- lo pedindo uma reunião, infor- mal, entre capitães de equipa e quem trabalhou diretamente neste protocolo da parte da FPF, dando a palavra ao Prof. Doutor Adalberto Fernandes para todos os esclarecimentos de âmbito médico e científico. Todas as questões foram respondidas. Paralelamente, há outras questões por resolver. A mais urgente, de âmbito jurídico, é a da falta de cobertura do seguro de acidentes de trabalho na situação de incapacidade permanente ou morte provocada pela Covid-19, contraída na retoma desta atividade. Alertámos para este problema há muito tempo, mantemos ur- gência na sua resolução. Este é um risco reduzido, mas sério, que não pode ser adiado e com- promete a estabilidade dos jogadores e clubes, pelo que é a nossa prioridade neste momento e estou certo de que vamos garantir uma solução em articulação com a FPF e a Liga. 2. Sobre a LigaPro e a decisão tomada pelo Governo e organi- zações desportivas (FPF e Liga) de não retoma, que gerou manifestações públicas de des- contentamento por parte dos clubes, constatamos que rapidamente se desvaneceram, em concreto, a partir do momento em que os clubes garantiram as receitas financeiras que, por via do cancelamento, já não seriam adquiridas. Perante isto, deixámos de ter contestação dos clubes sobre a decisão do Governo, mas não acabámos com os problemas da LigaPro, eles estão lá e bem visíveis na realidade diária de cada jogador. O Sindicato lamenta que várias sociedades desportivas tenham decidido manter ou apresentar o pedido de lay-off simplificado para cortar salários por esta via quando, salvo o devido respeito, deixaram de ter fundamento de natureza económica para o fazer. Interpelámos a Liga para corrigir o problema e convocar os clubes para que garantam a reposição dos cortes salariais. O Sindicato deixou claro que denunciará este caso, quer à Autoridade para as Condições do Trabalho quer à Segurança Social, solicitando uma investigação sobre os procedimentos e recorrerá, ainda, à via judicial, se necessário, para garantir o reconhecimento dos créditos salariais. Acima de tudo, numa e noutra competição, queremos estabilidade e confiança. Os profissionais exigem respeito, enquanto trabalhadores que alavancam esta indústria.
HÁ COISAS POR RESOLVER: A FALTA DE COBERTURA DO SEGURO