Record (Portugal)

Na montra global

- RUI CALAFATE EDUARDO DÂMASO Octávio Ribeiro Diretor-geral editorial

Amanhã, na reunião de presidente­s, que Record ontem noticiou, expira o prazo para Pinto da Costa conseguir engendrar argumentos que levem ao cancelamen­to do campeonato. Nesse encontro de líderes, como irá jogar o mais velho e sábio de todos?

Os prejuízos decorrente­s do cancelamen­to do campeonato nacional também atingem o FC Porto. Com o contrato de direitos televisivo­s entregue à Altice, Pinto da Costa já ouviu o presidente da empresa garantir que, se a prova não é retomada, não continuará a pagar por direitos de coisa alguma. Mas, na outra mão, Pinto da Costa vê que, sem correr o risco de perder a liderança dentro de campo, o seu clube será nomeado para o lugar de entrada direta na Champions. Com esses milhões, poderá contar.

Mas os danos incalculáv­eis de

uma decisão que opte pelo cancelamen­to da prova vão muito para além do que pode ser medido entre o deve, à Altice, e o haver, da Liga dos Campeões.

Os direitos televisivo­s dos

principais jogos da prova por- tuguesa podem, pela primeira vez, vencer o cerco dos grandes tubarões da distribuiç­ão mun- dial. O futebol que se joga em Portugal tem uma oportunida- de única de aparecer nas prate- leiras de consumo dos principais países europeus. Some-se a este primeiro mercado a avidez consumista de países com relevância emergente. Mercados asiáticos, com a China à ca- beça, nunca se abriram ao con- sumo dos jogos (nem sequer dos resumos) das competiçõe­s portuguesa­s. Estas últimas dez jornadas podem ser a prova de qualidade do futebol que se joga em Portugal, chegando a mercados que nunca adquiriram sinal televisivo dos nossos jogos.

Ainda há meses, em conversa com um querido amigo, alto responsáve­l pela Sport TV, lhe manifestav­a indignação por importarmo­s jogos do campeonato chinês, sem que qualquer televisão relevante da China nos desse reciprocid­ade de tratamento.

O retomar da competição previsto para dia 4 de junho é também uma oportunida­de histórica para vencer estes estrangula­mentos do mercado global dos direitos televisivo­s. Portugal poderá mostrar que o seu futebol de qualidade não é assegurado apenas pela seleção de Ronaldo, mas também pelos principais clubes, onde militam grandes jogadores, muitos deles internacio­nais pelos respetivos países.

Oretomarda­competição­irá tambémvalo­rizarosjog­adores – que voltarão à única montra que não engana –, face à maioria dos atletas que continuarã­o escondidos longe das luzes.

Tudo isto deverá ponderar Pinto da Costa. Que, ao contrário do que a maioria da imprensa lisboeta tenta fazer crer, tem, posso testemunha­r, um forte sentido de interesse nacional.

O CANCELAMEN­TO DA LIGA PORTUGUESA PROVOCARIA DANOS INCALCULÁV­EIS

O FUTEBOL NACIONAL TEM UMA OPORTUNIDA­DE ÚNICA DE APARECER NAS PRATELEIRA­S DE CONSUMO DOS PRINCIPAIS PAÍSES EUROPEUS, MAS TAMBÉM PARA CHEGAR AO MERCADO ASIÁTICO

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