Liderança carismática no Sporting (I)
SÓ UM PRESIDENTE CARISMÁTICO, GRANÍTICO, FRIO E CÍNICO NA DECISÃO, MAS EMPÁTICO E AGREGADOR METERÁ NO BOLSO OS SENHORES FEUDAIS QUE SE SERVEM DO CLUBE HÁ DÉCADAS
O debate sobre o modelo de liderança e controlo da SAD no Sporting não começou esta semana. É tema recorrente em diversos fóruns e, no Record, tanto Carlos Barbosa da Cruz como eu próprio temos escrito sobre os caminhos do futuro no clube, com visões divergentes, mas com a categoria de não cair em confrontos estéreis nem insultos. Aqui deixo a minha visão global.
Maioria da SAD. Para mim é proibida a perda da maioria da SAD. Como aqui escrevi em 28/11/2019 (não cheguei ontem) num artigo intitulado ‘Minoria musculada nas SAD’, entendo é que se devem abrir portas aos investidores minoritários, isto é, presidente do clube e da SAD é o mesmo, mas depois ter um ou dois administradores executivos que representam quem arrisca o seu capital e o quer valorizar, algo que nunca foi feito em Al- valade e isso levaria a um con- trolo da aplicação dos dinheiros. E em vez da Premier League que nos voltemos para a Bundesliga, tal como dissertei na conversa com os leitores de
Record há duas semanas (não cheguei ontem).
Presidencialismo.Miguel
Poiares Maduro, num artigo com linhas comuns às de Pedro Azevedo, redigido em 2018, defendeu um presidente no clube e outro na SAD. Ele não merecia ser dizimado como foi nas redes sociais pois é pessoa bem intencionada, tem direito à sua opinião e, a meu ver, daria um bom presidente da MAG. Porém, esqueceu-se de duas coisas: 1 - o último presidente corta-fitas de que me lembro foi Américo Thomaz mas não é para aqui chamado; 2 - e anjinhos julgo que andam no Céu mas desse assunto não falo pois só gosto de escrever sobre aquilo que sei. E acrescentou que é contra o ‘Imperador’ do Sporting. Ora, ele que viveu em Itália deveria saber inspirar-se no que é a base da civilização europeia e saber que a ‘Pax Ro- mana’ que vigorou de 28 a.c. a 180 d.c. assentou alicerces com o imperador Octávio Augusto e atingiu o apogeu com os imperadores Trajano, Adriano e Marco Aurélio. Quero eu com isto explicar que no futebol português para ter sucesso é preciso o modelo presidencialista do ‘imperador’.
‘Governance’. Num artigo escrito a 8/11/ 2019 (não cheguei ontem), ‘Verdade e competência no Sporting’, avançava que o modelo de liderança deve ter por base a competência profissional. Os vice-presidentes devem ser conselheiros estratégicos do líder para diversas áreas mas a gestão diária deve estar entregue a directores-gerais, contratados a preço de mercado com contratos por objectivos, como escrevi em Agosto de 2018 (não cheguei ontem) onde também apontava limitação de mandatos para o presidente e declaração de rendimentos e de património à vista de todos (sobre mecanismos de decisão na AG, segundas voltas e I-voting escreverei na próxima semana).
Liderança. Sem liderança o Sporting é um clube feudal onde os diversos grupinhos sobrevivem quanto mais fraco for o seu presidente. Só um presidente carismático, granítico, frio e cínico na decisão e na razão, mas empático e agregador com um discurso envolvente meterá no bolso os senhores feudais que se servem do clube há décadas. Aguardemos por ele.
COM UM SÓ PRESIDENTE, DEVEM-SE ABRIR PORTAS
A INVESTIDORES MINORITÁRIOS LEONOR PINHÃO RUI SANTOS